O artigo busca explicitar, a partir da perspectiva da ética da responsabilidade de Hans Jonas, em um diálogo com a ética das virtudes, que virtudes morais são necessárias como componentes da afirmação jonasiana de cuidado pela vida e pela manutenção da existência da humanidade, mesmo em um futuro próximo, diante da ameaça trazida pela emergência climática — produzida pela própria humanidade em seu modus operandi de intensivo uso das tecnologias como correia de transmissão do capitalismo global —; (...) bem como pelas questões postas pela emergência da pandemia da Covid-19, especialmente pela lida requerida diante de um problema global que ameaça diretamente a vida diante de nossos olhos no presente e em futuros próximos. A pandemia da Covid-19 é um mote para defender a necessidade urgente do cultivo de certas virtudes que dão cumprimento ao princípio responsabilidade, mas também de obtenção de compreensão prévia concreta das enormes dificuldades envolvidas no enfrentamento ético da emergência climática. (shrink)

A tradição filosófica das abordagens da moral tem predominantemente como base conceitos e teorias metafísicas e teológicas. Entre os conceitos tradicionais de ética, o mais proeminente é a Teoria do Comando Divino (TCD). De acordo com a TCD, Deus dá fundamentos morais à humanidade desde sua criação e por meio de revelações. Assim, moralidade e divindade seriam inseparáveis desde a civilização mais remota. Esses conceitos submergem em uma estrutura teológica e são principalmente aceitos pela maioria dos seguidores das três (...) tradições Abraâmicas: judaísmo, cristianismo e islamismo, abrangendo a parte mais considerável da população humana. Mantendo a fé e a Revelação como seus fundamentos, as Teorias do Comando Divino não estão estritamente sujeitas a qualquer tipo de demonstração. Os oponentes da concepção moral do Comando Divino, fundamentados na impossibilidade de demonstrar suas suposições metafísicas e religiosas, tentam há muitos séculos (embora sem sucesso) desvalorizar sua importância. Eles sustentam o argumento de que a teoria não mostra evidências materiais e coerência lógica e, por esse motivo, não pode ser levada em consideração para fins científicos ou filosóficos. É apenas uma crença e, como tal, deve ser entendida. Além dessas oposições extremas, muitos outros conceitos atacam as teorias do Comando Divino, de uma ou de outra maneira, em parte ou na totalidade. Muitos filósofos e cientistas sociais, da clássica filosofia grega até a presente data, por exemplo, sustentam que a moralidade é apenas uma construção e, portanto, culturalmente relativa e culturalmente determinada. No entanto, isso traz muitas outras discussões e impõe o desafio de determinar qual é o significado da cultura, quais elementos da cultura são moralmente determinantes e, finalmente, quais são os limites dessa relatividade. Os deterministas morais, por sua vez, afirmam que tudo relacionado ao comportamento humano, incluindo a moralidade, é determinado em suas causas, uma vez que o livre-arbítrio não existe. Mais recentemente, os pensadores modernos argumentaram que existe uma rigorosa ciência da moralidade. No entanto, o método científico por si só, apesar de explicar vários fatos e evidências, não pode esclarecer todo o conteúdo e todo o significado da ética. A compreensão moral exige uma percepção mais ampla e um acordo entre os filósofos, que eles nunca alcançaram. Todas essas perguntas têm muitas configurações diferentes, dependendo de cada linha filosófica, e iniciam análises complexas e debates intermináveis, uma vez que muitas delas são reciprocamente conflitantes. O universo e a atmosfera envolvendo esta estudo são os domínios de todos esses conflitos conceptuais, observados de um ponto de vista objetivo e evolutivo. Independentemente dessa circunstância e de sua importância intrínseca, essas questões estão muito distantes da abordagem metodológica de uma discussão analítica sobre a moral objetiva, a qual é, de fato, o objetivo e o escopo deste trabalho. Devemos revisitar brevemente essas importantes teorias tradicionais, porque esta pesquisa abriga um estudo comparativo, e suas suposições pelo menos diferem profundamente de todas as teorias tradicionais. Portanto, torna-se necessário oferecer ao leitor, neste texto, elementos diretos e específicos de comparação para críticas válidas, dispensando pesquisas interruptivas. No entanto, mesmo revisitando as teorias tradicionais, para esse objetivo de exposição comparativa e crítica, elas serão mantidas ao lado de nossas principais preocupações, como " aliena materia ". Independentemente da validade de qualquer um ou de todos os elementos dessa discussão e de seu significado como universo filosófico deste trabalho, o objetivo do nosso estudo é demonstrar e justificar a existência e o significado de arquétipos morais pré-históricos surgidos diretamente dos princípios fundamentais, necessidades sociais e esforços para a sobrevivência. Esses arquétipos são a definição do fundamento essencial da ética, sua agregação ao inconsciente coletivo e organização lógica correspondente e transmissão aos estágios evolutivos do genoma humano e às diferentes relações espaço-tempo, independentemente de qualquer experiência contemporânea dos indivíduos. O sistema definido por esses arquétipos compõe um modelo social humano evolutivo. Esta é uma posição metaética? Sim, ela é. Além disso, como em qualquer raciocínio metaético, devemos procurar cuidadosamente as melhores e coerentes rotas, como a Filosofia Analítica lhes oferece. Desta forma, este trabalho deve demonstrar razoavelmente que a moral não é um produto cultural dos homens civilizados ou das sociedades modernas e que, apesar de estar sujeito a várias agregações e subtrações culturais relativas, seus fundamentos essenciais são arquetípicos e nunca mudaram estruturalmente. Esse raciocínio induz que a moralidade é um atributo primal do "homo sapiens"; não é uma propriedade e nem um acidente: integra a essência humana e pertence ao reino da identidade ontológica humana. -/- O fenômeno humano é um processo contínuo, desempenhando seu papel entre determinação aleatória e livre-arbítrio, e precisamos questionar como a moralidade começou e como chegou a nós no presente. (shrink)

No decorrer do N século d. C. o mundo tardo antigo romano vivencia uma série de profundas transformações que alteram fundamentalmente as estruturas sociais, econômicas, políticas, religiosas e mentais clássicas fazendo surgir outras que resistimos a chamar de medievais. Dentre essas mudanças uma nos apresenta como tendo uma particular relevância e interesse, qual seja, a expansão da religião cristã no âmbito da bacia do mar Mediterrâneo, isto é, observamos um lento, mas constante processo de cristianização da sociedade tardo antiga romana. (...) Nosso trabalho tem por objetivo abordar um aspecto deste fenômeno, a saber o diálogo, o encontro e a mútua influência entre a doutrina cristã e a tradição cultural romano-helenística, através da análise do processo de transformações das ideias morais e políticas dos romanos em valores e virtudes cristãs. (shrink)

Através deste artigo científico pretende-se expor as contribuições de Linda Zagzebski para a teoria da epistemologia das virtudes contemporânea, evidenciando sua inspiração na teoria das virtudes de Aristóteles. A inovação trazida por Zagzebski é a proposta de indistinção entre virtudes morais e virtudes intelectuais. Para a autora, as virtudes intelectuais são um subconjunto das virtudes morais, e assim merecem avaliação conjunta com estas. Por fim, argumenta-se que essa interpretação não implica em um (...) reducionismo das virtudes intelectuais e que pode servir para inspirar uma renovação nas discussões filosóficas contemporâneas. (shrink)

Neste artigo, busco mostar que a psicologia moral de Teofrasto, apresentada sob a forma deuma descrição de caracteres, procede diretamente da teoria aristotélica da ação, na medida em queexemplifica por meio de descrições as disposições morais nas quais os caracteres morais se fixam. Acaracterologia cumpre assim a função de descrever os tipos morais, um lugar previsto pela doutrinaaristotélica, mas que sua estrutura definicional não permite ocupar. Adicionalmente, é mostrado comoesta relação entre teoria da ação e psicologia moral (...) permite detectar a natureza apócrifa de uma sériede escritos que foram atribuídos à escola peripatética, mas que certamente não pertencem a ela. (shrink)

O presente artigo tem o objetivo de fornecer um rápido esboço do atual estado do debate em torno do conceito de justiça. Hoje não dispomos de um conceito único compartilhado do que significa justiça e isto devido ao fato das sociedades atuais serem pluralistas, tal fato gerou uma separação entre as esferas morais e políticas e consequentemente o termo justo tem hoje dois aspectos distintos, um moral e outro político.: Nowadays we do not have a shared unitary concept of (...) means justice, because our present societies are pluralistics. This fact generates a gap between moral and political spheres, and as a consequence the word “just” have today at least two distinct and large meanings: one moral and the other political. This paper aims to provide a quick sketch of the debate concerning those two meanings from the perspective of Alasdair MacIntyre’s theory. Keywords : Justice, Moral Community, Well-Being. (shrink)

A ‘teoria da virtude’ contemporânea enfatiza a necessidade de voltar à formação moral do indivíduo, seguindo o modelo ético disponibilizado por Aristóteles. Segundo MacIntyre, representante importante dessa teoria, o estoicismo favoreceu o desenvolvimento da ética moderna e contemporânea, ao destacar noções como vontade, assentimento e lei natural ou divina. Por conseguinte, o desenvolvimento do próprio agente moral foi negligenciado. No século XII, Abelardo apresenta uma ética híbrida, que mantém, ao mesmo tempo, a teoria aristotélica da virtude e elementos da moral (...) estoica. No presente estudo, consideramos a crítica feita por MacIntyre da ética abelardiana, estimada ser na origem das concepções morais modernas e contemporâneas. (shrink)

Esta pesquisa tem como objetivo principal mostrar como a ética das virtudes aristotélica pode ser universalizada a partir da ideia de inteligibilidade ética de MacIntyre. Os capítulos deste trabalho visam explicitar, a partir dos escritos de Aristóteles na Ética a Nicômacos, o exercício das virtudes morais como indispensáveis para a realização agir bem e; demonstrar como as condições de inteligibilidade ética de MacIntyre, além de se transformar no elo de ligação conceitual entre a ideia de agir e (...) a ideia de narrativa, contribuem para pensarmos na teoria aristotélica como uma teoria do agir bem que pode ser cósmica e universal. (shrink)

Este estudo reconstrói algumas das principais críticas da ética de virtude à etica de Kant e examina essas críticas à luz do debate entre Kant e Schiller a respeito do papel do dever e das inclinações nas ações morais. Os defensores da ética de virtudes criticam o predomínio da ética de princípios no pensamento moral contemporâneo. Entretanto, nem sempre é claro exatamente a qual concepção ética essas críticas se dirigem e se, em vez de uma crítica à ética (...) de Kant, essas críticas antes se dirigem ao status quo da filosofia moral contemporânea. A principal crítica à ética de Kant diz respeito à ausência de um papel aos sentimentos e às emoções nas ações dotadas de valor moral. Entretanto, como será mostrado, os sentimentos e as emoções são relevantes à filosofia moral de Kant e, por conseguinte, essas críticas se dirigem não à ética de Kant, mas a uma caricatura da ética de Kant. (shrink)

O livro O TESTE HISTÓRICO-DIALÉTICO DAS TRADIÇÕES DE PESQUISA MORAL NA FILOSOFIA DE ALASDAIR MACINTYRE, de João Caetanho Linhares, foi lançado pela Editora CRV. O Prof. João Caetano é docente da Universidade Federal do Maranhão e doutorando em filosofia na UFSM.

A reflexão a seguir centra-se na leitura e interpretação opúsculo moral intitulado _Regra da Vida Virtuosa_, de São Martinho de Dume. Nesse sentido, apresentamos as quatro virtudes cardeais como uma reflexão moral, pois trata-se de dar conselhos que visam uma preocupação sobre a ação prática, apontamos, ainda que São Martinho, no século VI, marcou o início da cultura portuguesa.

continent. 1.1 (2011): 22-25. The Author gratefully acknowledges the financial support of CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior), Brazil. From the multifarious subdivisions of semiotics, be they naturalistic or culturalistic, the realm of semiotics of value is a ?eld that is getting more and more attention these days. Our entire political and economic systems are based upon structures of symbolic representation that many times seem not only to embody monetary value but also to determine it. The connection between monetary (...) and linguistic exchanges is self-evident: the former requires the latter and develops in direct relation to it. Creative experimentation and design of digital systems of value exchange are blossoming on the web. Dr. Gilson Schwartz, an economist turned media theorist and professor at the University of São Paulo, adopted the concept of Iconomics, originally created by Michael Kaplan, an author concerned with the linguistics of economic value. Empowering local communities and unlocking new levels of value creation and representation via digital technologies are the main goals of Dr. Schwartz’s projects, aiming at the re-designing of our relationship to the economic value of imagination and the social control of property. Schwartz is Assistant Professor at the School of Communication and Arts of the University of São Paulo, a former Chief Economist at BankBoston, Brazil and Advisor to the President of the National Social and Economic Development Bank (BNDES). FURTHER READING: Kaplan, Michael. “Iconomics: The Rhetoric of Speculation.” Public Culture . 15.3 (2003): 477-493. Renata Lemos-Morais: You have recently produced and directed a short documentary about Creative Currencies in Latin America. Could you tell us a bit about its process and its findings? Gilson Schwartz: The “Creative Currencies” project is a work-in-progress platform which unfolds as an action research agenda connected both to the production of audiovisual content and the development of social currency software. The initiative dates back to 2003 when I led an experimental project supported by the Presidency of Brazil. At that time, we issued paper currency in a small, touristic village in the Northeast Region which stimulated local cultural projects. But it was only in 2009 that the Central Bank of Brazil acknowledged “social currencies” as a legitimate economic agenda, calling for more debate at the I Financial Inclusion Forum. This year, the monetary authorities organized a second forum that also opened the room to discussions on mobile payment systems and new perspectives on poverty alleviation via State subsidies. The Ministry of Culture funded the “Creative Currencies” project in 2009-2010 and our next stage in this discovery process is to be supported by the National Social and Economic Development Bank (BNDES). In short, there is genuine interest among public officials in different areas and public funding for social currencies is on the rise in Brazil. However, after all these years we are still at a very early stage of research and practice. Some of the most successful initiatives (such as Banco Palmas) actually evolved out of local monetary creation to become correspondent banking operations for commercial banks and other financial groups. After eight years of price stability and social inclusion, Brazil stands out as a major opportunity for social experimentation, even the Grameen Bank is now entering the Brazilian market and many NGOs are geared towards different forms of entrepreneurialism in the base of the pyramid, riding solidarity economic models, microfinance and microcredit for local development. It is yet to be seen, however, whether these developments are just one more stage of “bankarization”, that is to say, an extension of regular banking services or actually a new form of social and symbolic self-determination at the local level. So far, the Central Bank of Brazil is open to new forms of credit and local finance as long as they are strictly territorial and very close to barter among the poor. In other words, whether the process of monetary creation could be made to fit an open source paradigm is yet to be seen. Community banking and social currencies might as well end up as just another channel for access to and use of banking services. The “Creative Currencies” project aims at promoting the discussion of more fundamental issues, such as the limits of central banking, the prospects for local financial development and the possibility of creating and managing financial icons as cultural assets. The purpose of this project is to produce short documentaries that will bear testimony to this evolving regulatory framework while inducing more discussion about the fundamental iconomic issues concealed in the process of money and wealth creation. RLM: What new potential is there in applying digital technologies to currency creation? GS: Globalization is a result of the virtualization of money, that is, the overcoming of illusions such as the “gold standard”. Money is an icon created by institutions, not on supposedly natural or material foundations but out of political and financial interests. The “dollar standard” is an outstanding evidence of this phenomenon and Kaplan´s paper, the first to use the expression “iconomics”, insists on the rhetoric and semiotic effects associated to a supposedly scientific model of money creation and management. This is a fundamental change that was perceived and discussed much before the digitalization of the world by unorthodox economists such as John Maynard Keynes since the early 20th century. The digitalization of global financial flows accelerated this immateriality and the creation of the Euro was yet another evidence of the political foundations of currencies. The banking establishment, however, is keen on the idea that scientific formulae hold the key to sound money creation. Keynesianism has been repeatedly associated to “inflationism” while the supposedly sound monetary policies of the Orthodoxy serve well the political and financial interests of a technocratic elite. Corporate media also serve this fictitious depiction of the monetary process despite the cyclical bust of monetary rules and financial regulations. The internet, however, has created numerous opportunities for the disintermediation in industries such as film, music and commodities. There is no reason to doubt that the financial industry can also be transformed by Peer-to-Peer (P2P) infrastructures. Money is media as well. Credit is but confidence. Once people realize that the distributed computing power of networks can also be the platform to weave new monetary and credit operations, there is room for grassroots emancipation out of the established owners of monetary institutions. So far, however, there has been a privatization of monetary management and there is not a clear path or model for the emergent (P2P) property democratization that is inherent to the internet. Digital assets, however, clearly have an inherent potential to escape central control and proprietary regulatory frameworks. RLM: How are social networks transforming the ways in which we exchange value? Do you believe that online influence and reputation might be translated into a new kind of currency? GS: The foundation for social currencies as envisaged by solidarity economics is the territory. Authorities are willing to concede local monetary creation as long as it is restricted to poor neighborhoods, as a proxy to barter. In this relevant but limited context, reputation, personal knowledge and informal ties form the matrix of local or “proximity” finance which are expected to keep credit and leverage to a sustainable level. Anything beyond that should and would lead to an integration of local finance into the established banking system. However, inasmuch as the internet promotes virtual territories and reputation is now subject to all sorts of digital manipulation and stardom becomes an everyday cultural process among teenagers and elders alike, the territorial “foundation” is substituted for more complex patterns of solidarity, cooperation and exchange that reach beyond the physical territory and even the “human.” Digital assets embody knowledge, technology, cultural and educational values that are exchanged at a global scale beyond the control of democratic States (Chinese-like intervention is the exception, not the rule). Hacktivism is unstoppable and so is monetary hacktivism. Especially in the Third World, mobile communications fast became conveyors of money transfers and other appropriation strategies. Banking and telecom sectors already battle for the control of these emerging markets and, as a matter of fact, have so far contributed to the containment of these processes. Governments serve these moguls and have usually adopted a wait-and-see attitude. If open source hardware and grassroots social movements combine to challenge these proprietary battles, then social networks may evolve into new forms of social capital and thus form the ground on which to design and implement social currencies. The global financial crisis, as well as the dollar demise, are an event of such a proportion that social networks may open the path for emancipator subjects to seize the opportunity. RLM: What are some of the social experiments that you think are revolutionizing the way in which value is exchanged? GS: There is a broad evolution of economic systems towards the valuation of intangible assets such as knowledge, reputation and sustainability. There are many examples of local as well as global events that call the traditional systems of exchange into question, from carbon credits to educational bonuses, digital barter frameworks and locally based solidarity and fair trade networks. These emerging examples, no matter how different in nature or scale, represent a challenge to the traditional value creation schemes and theories which are based on use and exchange value, supply and demand. This is not to say that utility and labour or scarcity are to be totally dismissed, but there is now an emerging perception that value is also a function of behavioral codes, symbolic patterns and the energy of institutional frameworks. The plasticity of digital platforms is relevant insofar as intellectual property becomes the central source of value creation. But when you discuss the property rights of public goods such as the environment or basic social rights (of minorities or localities), then a new paradigm seems to emerge. RLM: Are gaming and online storytelling digital practices that might have an impact on the way new currencies are created and developed? GS: “Play money” has been one of the early and most intriguing phenomena associated to the diffusion of virtual worlds. These virtual currencies have also been prone to “boom and bust” dynamics, speculation and pure theft (Second Life scams were common and led to “intervention” by the owners of the game). Storytelling is a major source of value, that is, the value of attention and the markets for audience. There are plenty of private monies created and managed by corporate entertainment groups, telecom operators (via mobile virtual network operators) and marketing frameworks. The casino economy, as already depicted by Keynes and other unorthodox economists, is always storytelling about future states of the world, confidence building and leverage of animal spirits. The novelty of current events is not the fictitious nature of any form of capital, but the potential for digital democratization of controls over the imaginary nature of value creation. But this is just a potential, a possibility, a figment that more often than not is appropriated by centralized and opaque private powers. The game industry is a testbed for new connections between storytelling and money creation. RLM: Monetary value was originally connected to the scarcity of precious metals, such as gold. Our entire monetary system seems therefore to function according to a logic of scarcity. Do you believe it is possible to reverse this logic into a logic of abundance? GS: The gold standard was a fiction itself, the “scarcity” is always produced by institutions that regulate confidence and access to credit. The key issue is not to fabricate abundance, but to question the institutions which produce scarcity out of any standard, gold or whatever. Central banks are at the service of private banks in the creation and management of scarcity. RLM: The promise that nanotechnology holds for our future is one of radical abundance (or so say transhumanists). The possibility of creating any kind of material substance through nanoengineering seems each day more feasible. What would this possibility entail in terms of systems of value exchange? GS: Nanotechnology, environmental concerns and grassroots appropriation of distributed knowledge are the frontiers of a new horizon of energy creation and management. Social groups in charge of managing scarcity for the sake of wealth and power concentration must be held accountable for the destruction of our future. Once this key political conundrum is accounted for, new systems of value exchange and even a non-mercantile society will come into existence. Revolutionary theorists such as Marx envisaged transformation via the extreme clash of contradictions between capital and labour. This approach has never led to a change in the systemic logic of scarcity for the sake of social control. We are once again facing the threshold of large scale societal change, but the outcome of the current crisis should come from our imagination, not from yet another paradox of abundance and scarcity. As long as we remain attached to the materiality of value, the illusion of freedom will but reinforce the massive manipulation of necessity. RLM: What do you think is the role of crowdfunding in this context? GS: Crowdsourcing as well as crowdfunding are examples of the peer to peer opportunities that come along with distributed computer power. However, the power structure behind wealth and scarcity creation may or may not be changed by crowd management. But it should not be taken at face value, so to speak. The stock market of course is an early form of crowdfunding without calling into question the proprietary framework of the companies offering their investment projects to the market. Any market is a form of crowdsourcing, that is to say, of distributed forms of supply and demand matchmaking. The wealth of networks, however, depends on the contractual ecosystem, the institutional framework, the channeling of social imagination, not on the purely quantitative distribution of bids and offers. I see economics as supply, demand and code. Once you have access to the code, once openness becomes part of the game, then there is a chance of crowd behavior becoming collective intelligence and sustainable imagination. RLM: Is the development of digital currencies headed towards a pluralistic ecology in which many micro currency systems co-exist, or is it penetrating the mainstream monetary system? If it is affecting the mainstream financial system, what would be its effect in the long-term? GS: The same issue is at stake both at local and global levels. The global system is, as a matter of fact, an unstable ecosystem of “micro currencies” whereas the dollar has so far exerted an overwhelming influence. Local currencies and private monies coexist with national currencies only to the extent that the Central Bank admits, for instance, that grassroots monetary emissions remain territorial and strictly connected to poverty. However, the question of how new developments in digital technologies and nanotechnologies might alter not only our current monetary systems but also our understanding of value in itself, is still an open question. (shrink)

The purpose of this article is to understand the transition from a constitutionalism of the common – already proposed previously – to the field of cosmotechnical struggles, in the sense that it would no longer be possible to think and constitute a cosmopolitical project except from them. To this end, what is proposed, based on the limits and crises of State and the constitutionalism that accompanies it, seek the construction of cosmopolitical projects through the resizing of constitutionalism, proposing this in (...) the work from the perspective of the common and human rights, it is essential constitute the common beyond the limits of constitutionalism – state-based or not – since the constitution of the common today takes place in a field in dispute over techno-political practices through cosmotechnical struggles and processes of insurrection, against the backdrop of the impacts of globalization neoliberalism and the disruption of the digital age. (shrink)

O objetivo deste artigo é apresentar a caracterização que Hannah Arendt e Hans Jonas fazem da técnica moderna em suas visões da dimensão do homo faber, bem como suas críticas ao mundo da técnica no horizonte da modernidade, mostrando suas convergências e diferenças quanto a isso. A partir dessas críticas arendtianas e jonasianas, procuramos mostrar como ambos podem contribuir para uma ética e uma política baseada na ideia de responsabilidade pelas futuras gerações.

O presente artigo visa discutir a função introdutória do capítulo I do _Tratado Político _de Espinosa. Para tanto, ressaltaremos alguns aspectos fundamentais presentes no movimento argumentativo do texto, como a centralidade dos afetos para o raciocínio político e a necessidade de um método investigativo que articule experiência e razão.

O presente texto tem por intuito analisar e compreender o sentido da noção de necessidade elaborada por Espinosa ao longo da _Ética I_, pois ainda que não seja explicitamente definida em momento algum, ela permeia todo o percurso argumentativo do _De Deo_ e, portanto, sua compreensão é essencial para o bom entendimento não apenas da primeira parte, mas da _Ética_ como um todo. Para tanto, buscamos demonstrar através da distinção entre Natureza naturante e Natureza naturada a univocidade de sentido do (...) substantivo ‘necessidade’, bem como a equivocidade do adjetivo ‘necessária’. (shrink)

Bottom of the Pyramid organizations are the ones that develop a set of capabilities that contribute to create short- and long-term sustainability values inside and outside the boundaries of BoP ecosystems. Capabilities have an important role in BoP organizations’ strategies that aim to solve BoP issues. Notwithstanding its developments, BoP research still lacks theoretical contributions for the analysis of organizations. We suggest special attention to the need of advancing knowledge on capabilities of BoP organizations because this field is scattered and (...) fragmented, misinterpreted, and still underdeveloped in the literature. We oriented our research formulating and seeking answers to our main question on what are the capabilities needed to enable organizations to create sustainability values in BoP ecosystems? We conducted an integrative review of BoP research for the period from 1998 to 2019, and we found 22 key capabilities of BoP organizations. We organized the capabilities into four major categories including BoP Responsible Consumption, BoP Responsible Business Model, BoP Responsible Management, and BoP Responsible Innovation. We advanced propositions and discussions regarding the capabilities and major categories’ popularity, interdependence and combination, short- and long-term temporal functions, sustainability roles, and effectiveness to address BoP issues. Our article organizes the field of capabilities of BoP organizations; advances contributions and implications for management, organizations, and policymaking; and opens fruitful avenues for future research. (shrink)

Aggregating snippets from the semantic memories of many individuals may not yield a good map of an individual’s semantic memory. The authors analyze the structure of semantic networks that they sampled from individuals through a new snowball sampling paradigm during approximately 6 weeks of 1-hr daily sessions. The semantic networks of individuals have a small-world structure with short distances between words and high clustering. The distribution of links follows a power law truncated by an exponential cutoff, meaning that most words (...) are poorly connected and a minority of words has a high, although bounded, number of connections. Existing aggregate networks mirror the individual link distributions, and so they are not scale-free, as has been previously assumed; still, there are properties of individual structure that the aggregate networks do not reflect. A simulation of the new sampling process suggests that it can uncover the true structure of an individual’s semantic memory. (shrink)

O objetivo geral desse artigo consiste em analisar a obra “O nascimento da tragédia”, escrita por Friedrich Nietzsche em 1872, destacando sua compreensão sobre a cultura. Nela, foram tecidas análises iniciais sobre a cultura grega conceituando-se o papel do apolíneo e do dionisíaco como impulsos estéticos e cósmicos que originavam a tragédia; de Eurípedes e Sócrates como causadores de sua destruição devido à racionalidade intrínseca a um novo juízo artístico. Assim, as criações modernas emergiam constituídas por valores socráticos que buscavam (...) a verdade e não mais a experiência trágica. Como consequência, tem-se a decadência da cultura do homem grego e também do alemão do século XIX. Sua salvação dependeria da construção de uma nova cultura autêntica capaz de retornar a arte trágica grega, pois o filósofo a compreendida como justificação estética da existência, ilustrando a vida e elaborando-a a partir de diferentes máscaras. Dentre as soluções propostas, Nietzsche cita obra de Wagner como possibilidade de reavivamento dos impulsos apolíneo e dionisíaco por meio da música que daria novos sentidos a cultura ao assumir seu papel de renovação. Observa-se que o ponto essencial tratado nesta obra é que a única justificativa para a existência é a estética. (shrink)

Abstract The introduction of genetically modified plants into the environment has been marked by different positions, either in favor of or against their release. However, the problem goes well beyond such contradictory positions; it is necessary to take into account the legislation, ethics, biosafety, and the environment in the considerations related to the release of genetically modified organisms (GMOs). To this end, the Brazilian Committee of Biosafety (CTNBio), a consultative and deliberative multidisciplinary collegiate, provides technical and advisory support to the (...) Brazilian Federal Government. This committee consists of scientists and non-scientists who participate in evaluating the dossiers of companies that are requesting approval by the Brazilian Government; consequently, the aim of this study was to investigate whether commercial approvals of GMOs were associated with the profile of the CTNBio members. Research was based on the minutes taken at CTNBio meetings carried out from 2006 up to 2009, considering law 11.105/2005 and the Constitution of 1988 as legal frameworks, to determine the number of voters in favor of or against releasing genetically modified Bt-maize, Bt-cotton, and herbicide resistant soybeans to be used in Brazilian agriculture. Via the internet, we had access to the curriculum vitae of the CTNBio members through the Plataforma Lattes database of the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq), where we found their area of expertise. CTNBio members were divided into expert-for, expert-against, non-expert-for, and non-expert-against. Results showed that CTNBio decisions could be based on technical criteria as well as on the policy of the institution that expert-members were representing. Content Type Journal Article Category Articles Pages 1-11 DOI 10.1007/s10806-011-9347-x Authors Glenda Morais Rocha Braña, Programa de Pós-Graduação em Bioética da Cátedra/UNESCO, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brazil Ana Luisa Miranda-Vilela, Departamento de Genética e Morfologia, Laboratório de Genética Toxicológica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brazil Cesar Koppe Grisolia, Departamento de Genética e Morfologia, Laboratório de Genética Toxicológica, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brazil Journal Journal of Agricultural and Environmental Ethics Online ISSN 1573-322X Print ISSN 1187-7863. (shrink)

Com o objetivo de ressaltar a importancia da fabulaç áo , como meio de expressáo do exercicio filosofico, em Plat áo , reconstituem-se inicialmente, neste artigo, os principais passos do Teeteto, cujo final aporético decorreria da n áo exploraç áo pelos interlocutores das hipoteses da Reminiscencia e das Ideias, as quais n áo se restringem ao logos mais estrito nem se dissociam do relato mitico. Em seguida, evidencia-se que, sobretudo a partir dos dialogos da maturidade, a recriaç áo poetica da (...) tradiç áo constitui um suporte doutrindrio indispensável.  . (shrink)

The evolution of philosophy and physics seem to acknowledge that "informational existentialism" will be possible. Therefore, this contribution aims to comprehend if Heidegger existentialism can enrich the bound between information theory and the intercultural dialogue as regards to information. Even so, an important query arises: why specifically Heidegger's philosophy? Because it highlights an intercultural dialogue namely with East Asian and with Arabic philosophy, which is also consistent with the debate concerning the potential value and contribution of information theory to the (...) intercultural dialogue. Therefore, this manuscript intends to understand if information is shaping worldwide cultures as a consequence of its existence. (shrink)

Freud propôs uma teoria da personalidade a partir do estabelecimento da psicanálise. Nosso objetivo é percorrer alguns de seus primeiros textos, os quais foram escritos em conjunto com Breuer, buscando delimitar o que Freud compreendeu a respeito de alterações da personalidade, tal como a múltipla personalidade. Este fenômeno ganhou um importante destaque no século XIX, gerando discussões no campo da psicologia e da filosofia, uma vez que implicava ruptura da unidade da personalidade. Freud, por sua vez, ofereceu uma interpretação original (...) de tais alterações à luz de suas investigações sobre a histeria. Para explicar os desdobramentos da personalidade, Freud focou numa teoria da defesa, colocando o recalque (_Verdrängung_) como um mecanismo modelo para compreender a personalidade e suas patologias. (shrink)

O objetivo é analisar algumas interpretações conexas que giram em torno da tensão entre duas concepções da díke em Édipo Rei. Como as tragédias ocupavam um papel privilegiado na pólis ateniense, pode-se dizer que as exibições e festividades trágicas eram uma verdadeira instituição política. Não por acaso se pode afirmar que as peças apontavam para um conflito entre os valores aristocráticos tradicionais e a nova ordem democrática. Tal tensão pode ser evidenciada na investigação promovida por Édipo que se manifesta em (...) duas formas de justiça, uma de origem divina e outra, humana. Para tanto, este texto, em um primeiro momento, descreve a relação entre tragédia e pólis; após essa introdução, assinala o conflito que se desenhava na democracia e que se reflete nas tragédias; por fim, examina a possível articulação racional entre a díke tradicional e sua contrapartida humana. (shrink)

Recent sequencing of the metazoan Oikopleura dioica genome has provided important insights, which challenges the current understanding of eukaryotic genome evolution. Many genomic features of O. dioica show deviation from the commonly observed trends in other eukaryotic genomes. For instance, O. dioica has a rapidly evolving, highly compact genome with a divergent intron‐exon organization. Additionally, O. dioica lacks the minor spliceosome and key DNA repair pathway genes. Even with a compact genome, O. dioica contains tandem repeats, comparable to other eukaryotes, (...) and shows lineage‐specific expansion of certain protein domains. Here, we review its genomic features in the context of current knowledge, discuss implications for contemporary biology and identify areas for further research. Analysis of the O. dioica genome suggests that non‐adaptive forces such as elevated mutation rates might influence the evolution of genome architecture. The knowledge of unique genomic features and splicing mechanisms in O. dioica may be exploited for synthetic biology applications, such as generation of orthogonal splicing systems. (shrink)

Much more than their machinic reality, current iterations of AI rely on imagined divisions of human and non-human properties and skills that have genealogical ties to colonization. For this reason, research efforts have recently been made to historicize these imaginaries, connecting them to colonial ideals that delegate black and brown colonized people into the realm of the non-human. Atanasoski and Vora (Surrogate humanity. Race, robots and the politics of technological futures, Duke, Durham and London, 2019) have called this a “surrogate (...) humanity”, where narratives of autonomous technologies function to disappear precisely the formerly colonized peoples that are enveloped in its production process. At the same time, the gendered and racialized roots of this maternal figure represents an opportunity to uncover and critique the invisibilization of embodied resources necessary to produce AI, precarious bodies labouring to produce algorithmic infrastructures in a manner that can be considered in a genealogy of carework and reproduction. These genealogies complicate the detachment suggested by the surrogate figure and go beyond it to proclaim a more generative function of the relationship between the black maternal figure and AI. The article analyses Tabita Rezaire’s multi-media artwork Sugar Walls Teardom to think through decolonial and queer renderings of the black female bodies upon which technological imaginaries rest, to extend beyond AI surrogacy and towards notions of kinship, care and world-making by producing an AI aesthetics that is relational, embodied, and celebratory of other ways of liveness. (shrink)