O propósito deste texto é fazer um diálogo entre filosofia e poesia, através da interpretação do poema Escritos com o corpo, de João Cabral de Melo Neto.

Fernando Pessoa, a par de diatribes ao regímen republicano implantado em Portugal a 5 de Outubro de 1910, enuncia como e porquê o verdadeiro regímen político português: «república nova», promoverá liberdade e humanismo autênticos sob a organização de um escol de eleitos indispensáveis ao «Império de Cultura» capaz de colocar Portugal de novo como grande potência europeia constituindo uma «Confederação Ibérica», assim cultive a virtude da nação germânica.

A prática filosófica com crianças permite que elas construam e cumulativamente reconstruam significados enquanto formam a consciência de si, mobilizando simultaneamente elementos dos domínios afetivo, cognitivo e recreativo, presentes na esfera da sua experiência. Nesta dinâmica, habilidades de diálogo e de pensamento consolidam-se sobre competências crítico-reflexivas, sensíveis a critérios razoáveis de afirmação das competências intencionais de interpretação desta sensibilidade em ambientes educativos profícuos privados e públicos, tais como a família e a escola. Sendo a vida infantil um processo de mútuo (...) crescimento entre a consciência individual e o meio social um caminho regulado pelo seu valor e autenticidade de ser que já-é, seja como «projeção extensiva» ou «corporalizando o desejo», Lipman busca um pensar mais atento, mais criterioso, mais significante, mais criativo e mais cativante: um pensar investigando. Estas múltiplas dimensões do pensamento proporcionam à criança três exercícios fundamentais na conclusão da sua singularidade, carácter e personalidade: num primeiro momento, a descoberta da sua potencialidade ontológica manifestada segundo um desejo de diálogo interior na intenção de conhecimento de si mesmo, enquanto ser-sujeito-criança que pretende conhecer o Outro que há em si; num segundo momento, a tomada de consciência da importância da “relação de encontro e de reconhecimento” com Outro que já não é uma mesmidade, mas que funciona como uma necessidade de «caminhar junto com…brincando» na condição de tomar a reciprocidade como imperativo da construção de um sujeito que se quer também ser-pessoa; e num terceiro momento, um retorno a si, como forma de re-nascimento face à aprendizagem que o contexto lhe proporcionou. É no dinamismo deste contexto que a criança aprende a pensar. Assim, pensar melhor é exercitar, mais que um pensamento complexo, um pensamento de ordem superior. Inevitavelmente surgem-nos questões que nos inquietam face a estas ideias: como potenciar o exercício reflexivo e crítico rumo a esta práxis sapiente? Que modelo de discussão devemos adoptar para que se tomem como objetos sentimentos ou pulsões éticas, emoções ou pulsões estéticas para que a descoberta do íntimo de seu ser e da sua socialização e civilidade seja efetiva? Que relação se pode firmar entre o desejo, a arte de ser e a forma de viver? (shrink)

O presente artigo pretende compreender o ser da Igreja inserido na história enquanto mistério de comunhão. Os textos bíblicos do AT manifestam a entidade teológica denominada Igreja que encontra o seu sentido pleno nos textos do NT. Os escritos de Inácio de Antioquia nos remetem a afirmação de que a eclesiologia se funda sobre a cristologia. A eclesiologia de São Irineu de Lião é caracterizada pelo tema da recapitulação e da tradição. Encontramos, também, em Cipriano uma eclesiologia da unidade. Em (...) Santo Atanásio a origem da Igreja está na pessoa do Logos. Na Escolástica temos uma passagem de uma compreensão mística para uma compreensão jurídica da Igreja. O Concílio Vaticano I é considerado o ponto de transição da teologia pós-tridentina para uma nova eclesiologia. A compreensão Trinitária da Igreja do Concílio Ecumênico Vaticano II afirma que a orientação do agir eclesial pressupõe a natureza intrínseca do ser da Igreja visto que é somente compreendendo a si mesma que a Igreja compreende a sua vocação na história humana. (shrink)

A crise dos modelos de representação fundadas em unidades coerentes e ordenadas parece ter como um dos traços o que Bruno Latour (1993) chamou de “híbridos”(1). Os híbridos são a figura da multiplicidade que não cabe em categorias e que a modernidade “varia para baixo do tapete”. Atualmente, assistimos ao “retorno dos que nunca foram”, que interpelam de forma contundente nossas formas de vida, fortemente apoiadas na técnica. Mas como apreender os fluxos de discursos e práticas mediatizadas que nos atravessam (...) sem cair nas armadilhas do tecnicismo? Que configurações poderiam hoje assumir práticas e discursos críticos? Que agenciamentos propor? Tentar compreender o estatuto do tecnológico, do político, do artístico, do urbano e do banal como “artes do fazer” parece-nos uma tarefa urgente e necessária. Gilles Deleuze (1977), em “Kafka, por uma literatura menor” (2), deixa-nos uma importante pista, ao afirmar, em sua definição de agenciamento, que “a técnica é antes de tudo social”. A direção nos permite avançar para além das concepções instrumentalistas e dicotômicas da técnica e percebê-la enquanto processo complexo de mediação. De fato, como também afirmava Simondon (1989), os objetos técnicos sempre foram gerados por mediação e geradores de mediação(4). O presente número da Revista Logos traz justamente contribuições para fomentar esse debate e para compor o já vasto quadro das cartografias sobre tecnologia e sociabilidade no Brasil, no campo das possibilidades de mediação sociotécnica. Trata-se de um número especial, organizado dentro da parceria PPGC-Uerj e Centre d’Etudes sur l”Actuel et lê Quotidien (CEAQ) - Paris V, com a colaboração do Professor Stéphane Hugon, coordenador do GRETECH, grupo de pesquisa sobre Tecnologia e Quotidiano. Se, por um lado, o conjunto de artigos compartilha determinados referenciais teóricos, por outro, acolhe também visões próprias, forjadas a partir de diferentes experiências sociais e em distintos contextos culturais. Em comum, todos partem de certa forma da percepção de que as mediações presentes nos processos de sociabilidade podem colaborar nos processos de negociação com as regras e códigos sociais vigentes para inventar outros possíveis. Todos, de certa forma, dão a ver, em seu conjunto, que entramos numa arena onde os diversos elementos que constituem o social interagem e ganham novos contornos: o político não dialoga apenas com o “ideológico”, mas também com o cultural, o subjetivo, o artístico. Da mesma forma, a arte, por exemplo, não diz respeito apenas ao cânone, mas também ao político, ao urbano, ao sensual e ao banal. Com isso, também a noção de tecnologia se amplia e, entendida como “máquina social”, pode ajudar-nos a melhor apreender as dimensões dos fenômenos culturais e de comunicação hoje. Os onze textos reunidos neste número apontam exatamente para o momento singular em que vivemos sob alguns de seus mais diversos ângulos. Stéphane Hugon da Universidade René Decartes-Paris V/CEAQ discute a importância dos processos de apropriação da tecnologia no quotidiano; João Maia e Eduardo Bianchi, da UERJ, abordam a sociabilidade de jovens adolescentes de uma favela carioca como forma criativa de cidadania; Vicenzo Susca, da Universidade René Decartes-Paris V e da Università di Lingue e Comunicazione de Milão, aborda o aspecto subversivo das tecnologias, através de uma perspectiva transpolítica; Beatriz Bretas da UFMG apresenta estudos de caso sobre modos de organização de redes sociais virtuais no Brasil; Fabio Larocca discute como as tecnologias alteram nosso olhar sobre as dinâmicas sócio-espaciais no contexto das cidades; Florian Dauphin faz uma análise do sofware livre na França, país com uma das mais fortes tradições de organização social desse movimento na Europa; José Pinheiro Neves, da Universidade do Minho, recupera a contribuição de Simondon para uma análise da percepção das imagens nas telas dos computadores; Shangsub Choi, do Korea Information Society Development Institute, aborda as mudanças propiciadas pela internet no quotidiano de pessoas e empresas e as possibilidades de contra-poder; a arquiteta e urbanista Julieta Leite aposta na integração das tecnologias digitais aos tecidos da cidade para a construção de novas experiências espaciais coletivas; Maria da Luz Correia analisa a recuperação da comunicação por cartões postais nos dias atuais. Finalmente, Hedi Zamouri faz uma etnografia da Brigada Anti-Pub, movimento contra o abuso da publicidade nos espaços públicos de Paris e José Cláudio Castanheira resenha o último livro de Shetyl Turkle, “História íntima dos objetos”. A Logos 29, edição especial, chega assim aos leitores com uma gama variada de proposições e de lugares de observação, brindando-nos com novas pistas para a análise de questões que compõem a pesquisa atual no campo da comunicação. Desejamos a todos uma boa leitura. Fernando Gonçalves Editor temático desta edição especial da Logos. Professor adjunto da Faculdade de Comunicação Social da Uerj e membro do Grupo de pesquisa Comunicação, Arte e Cidade, do PPGC-Uerj, onde leciona a disciplina “Tecnologias e Formas de Vinculação Social”. Notas 1 Latour, Bruno. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994. 2 Deleuze, Gilles. Kafka, por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago, 1977. 3 Simondon, Gilbert. Du mode d’existence des objets techniques. 4eme Édition. Paris: Aubier, 1989. (shrink)

O avanço tecnológico envolve e faz parte do cotidiano de todas as pessoas, e a sua influência pode ser direta ou indireta. O que se faz são up-grades com o propósito de conseguir participar deste universo digital. As Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) tem provocado alterações na humanidade, no modo de viver, de se relacionar, aprender, pensar e ensinar. Propõe-se um estudo bibliográfico, baseado em duas grandes obras de Pierre Lévy, um dos grandes pensadores da era da informação: O (...) que é virtual? (2011) e Cibercultura (2010). O artigo está estruturado do seguinte modo: discute a definição de virtual segundo o ponto de vista de Lévy; apresenta a inteligência coletiva e sua influência na sociedade; e enfoca uma nova proposta de aprendizagem, que possibilita o aprendizado por intermédio das atividades sociais e profissionais dos indivíduos. Portanto, a virtualização, além de ser a base de dados e informações, quebra as barreiras do tempo e do espaço, aproxima professores e alunos e lhes fornece ferramentas para a construção do conhecimento, colocando-os nesse produtivo processo de ensino e aprendizagem. (shrink)

Na atualidade, parece não haver nenhuma outra categoria que goze de unanimidade tão generalizada e transversal, quanto o de pessoa. Nenhum discurso que pretenda estar em público de forma teórico, jurídico e politicamente correta coloca em questão sua nobreza, principalmente em seu nexo com o direito. Os direitos da pessoa são justamente sobre o quê não se deve tergiversar. No entanto, há um paradoxo incontornável do nosso tempo: nunca como agora, a nobreza da categoria de pessoa foi (...) tão incensada, mas também nunca como agora, tantas vidas humanas foram tão humilhadas pela fome, miséria, epidemias, exílios, etc. O objetivo desse texto é seguir uma trilha já aberta por alguns pensadores de matriz franco-italiana de crítica a essa unanimidade. (shrink)

O presente artigo visa elucidar as relações entre Fernando Pessoa, Schopenhauer e a questão do livre arbítrio, tendo por base a leitura que o autor português fez da obra schopenhaueriana. Com efeito, ao longo dos escritos de Pessoa encontramos múltiplos testemunhos da leitura que o poeta e pensador português fez do pensamento schopenhaueriano. Um importante indício para o estudo da reapropriação pessoana do pensamento de Schopenhauer constata-se, desde logo, na Biblioteca Particular de Fernando Pessoa, onde (...) encontramos uma tradução francesa do texto Über die Freiheit des menschlichen Willens [Sobre a liberdade da vontade] de Schopenhauer. A leitura deste livro viria a ocasionar a produção de uma multiplicidade de escritos filosóficos que Fernando Pessoa atribui a duas das suas personalidades literárias fictícias inglesas do universo pré-heteronímico: Charles Robert Anon e Alexander Search. Assim, tendo por base todos estes indícios, pretendemos mostrar o impacto da leitura de Schopenhauer no universo literário pessoano. (shrink)

Why should philosophy, or even thinking, get in the way of seeing? In attempting to address this question, this paper identifies post-Romanticism as a phenomenologically inflected response to the failure of both pre-Romantic Reflexionsphilosophie and Hegelian speculative overcoming, one that seeks to express our relation to the world in a way that does not rely on a reflection model of consciousness and gives no support to the notion of a cognitively inaccessible absolute. It will be suggested that the poetry of (...) Fernando Pessoa offers lessons in such a post-Romanticism, showing how a phenomenological attentiveness to the world-disclosive power of poetry and to the everyday mereness of things constitutes a more coherent way of relating to the world. With reference to Heidegger and Jean-Luc Nancy, it will be argued that Pessoa’s poetry shows us that it is by reining in the reflection model of consciousness that we achieve a greater sense of the world and our position in it. (shrink)

Fernando Pessoa (1888–1935) lived what was in many ways an astonishingly modern, transcultural, and translingual life. He was born in Lisbon, the point of departure for Vasco da Gama's voyage to India as commemorated by Pessoa's forebear, the poet Luís de Camões. Pessoa grew up in Anglophone Durban, acquiring a lifelong love for English poetry and language. Returning to Lisbon, from where he would never again leave, he set himself the goal of travelling throughout an infinitude (...) of inner landscapes, to be an explorer of inner worlds. He published very little, but left behind a famous trunk containing a treasure trove of scraps, on which were written some of the greatest literary works of the twentieth century, mainly in Portuguese but also a substantial amount in English and French. Pessoa is now acknowledged as one of the greatest poets of the twentieth century, and he has emerged over the last decade as a forgotten voice in twentieth-century modernism, taking his rightful place alongside C.P. Cavafy, Franz Kafka, T.S. Eliot, James Joyce, and Jorge Luis Borges. Pessoa was also a serious student of philosophy and himself a very creative philosopher, yet his genius as a philosopher has as yet hardly been recognized at all. (shrink)

O presente artigo visa explorar as relações entre Pascal e Pessoa tendo por base o impacto da obra do autor francês tanto na estruturação quanto nas temáticas presentes ao longo do projeto do Livro do Desassossego. Com efeito, na Biblioteca Particular de Pessoa encontramos livros de e sobre Pascal que se encontram sublinhados e anotados pelo autor português e nos possibilitam certificar o interesse de Pessoa pelo pensamento pascaliano. Para além disso, o espólio de Pessoa oferece-nos (...) um conjunto de fragmentos que nos permitem elucidar até que ponto a leitura da obra de Pascal viria a ser importante para a elaboração dos fragmentos do Livro do Desassossego. Assim, tendo por base a análise da presença do nome e do pensamento de Pascal em fragmentos do espólio de Pessoa, o presente artigo explicita qual o papel da leitura pessoana de Pascal na elaboração do projeto do Livro do Desassossego. (shrink)

Fernando Pessoa, whose time in Durban briefly overlapped with that of Mahatma Gandhi, was well-read in Indian literature, having in his library the poetry of Rabindranatha Tagore and books about Indian philosophy. He discusses the Upaniṣads and what he calls "the Indian ideal". Indeed, from in of his more esoteric writings it is possible to identify a new variety of panpsychism in the spirit of Coleridge and Whitman.

RESUMO O presente artigo visa elucidar a tematização que Fernando Pessoa apresenta da questão da metafísica, à luz dos escritos filosóficos deixados por este autor no seu espólio. No espólio de Fernando Pessoa, conservado na Biblioteca Nacional de Portugal, existe uma multiplicidade de projetos e fragmentos de cariz filosófico sobre metafísica dos quais resultaram uma pluralidade de escritos relativos ao sentido da noção de ser. Assim, através de uma análise dos diversos projetos pessoanos consagrados à questão (...) da metafísica, pretendemos clarificar as sucessivas soluções apresentadas por Fernando Pessoa para a problemática do ser. ABSTRACT This article intends to elucidate Fernando Pessoa's thematization about the issue of metaphysics, in the light of the philosophical writings left by that author in his literary estate. In Pessoa's Archive, kept in the National Library of Portugal, one finds a multiplicity of philosophical projects and fragments about metaphysics, which are in the origin of a plurality of writings concerning the meaning of the notion of being. Thus, through the analysis of Pessoa's several projects devoted to the issue of metaphysics, we aim to clarify the various solutions presented by Fernando Pessoa for the issue of being. (shrink)

This pioneering volume, for the first time, explores the extraordinary Portuguese poet Fernando Pessoa and his relationship to philosophy. On the one hand, this book reveals Pessoa's serious knowledge of philosophy and playful philosophical explorations and how he has the gift of synthesizing, appropriating and subverting complex ideas into his art; and, on the other hand, the chapters shed new light on central aspects and problems of philosophy through the prism of Pessoa's diverse writings. The volume (...) includes sixteen new essays from an international group of scholars, analyzing Pessoa's multifaceted poetic work alongside philosophical themes and movements, from conceptions of time, ancient aesthetics, philosophy of language, transcendentalism, immanence, nihilism; to Islamic philosophy, Indian philosophy, philosophy of religion, neo-paganism, the philosophy of the self. The breadth of his work provides a springboard for new thinking on the aesthetic and the spiritual, the logic of value and capitalist modernity, and ecological thought and postmodernism. (shrink)

In The Art of Living, Alexander Nehamas argues that Michel de Montaigne, Friedrich Nietzsche, and Michel Foucault undertook a particularist art of living—a unique project of self‐construction. In so doing, argues Nehamas, they based their lives on the life of Socrates, that quintessentially ironic character. To this list of self‐fashioning philosophers, I add Fernando Pessoa, the twentieth‐century Portuguese writer. I argue that Pessoa, via the writings of his heteronyms, also took Socrates as the model for constructing a (...) self. Moreover, Pessoa employed all three kinds of irony that Nehamas argues is present in Plato’s writing, and did so not just to investigate the nature of the self, but to question its very existence. This is Pessoa’s formulation of the problem of the self. But Pessoa also borrowed from Nietzsche’s views on multiplicity, redeploying them in order to fabricate multiple selves. Pessoa’s solution to the problem of the self thus consists in the heteronymic device, which acts as a deus ex machina, unifying the disparate fictional voices and establishing Pessoa as a new, authentic self. Accordingly, Pessoa borrows from both Platonism and anti‐Platonism, distinguishing himself from both, so as to contrive—and simultaneously exemplify—an original art of living. (shrink)

This book explores philosophical themes to do with self and subjectivity from the work of the Portuguese writer Fernando Pessoa, best known for the uncategorizable collection of fragmentary writings, published as The Book of Disquiet in 1982, forty-seven years after the author's death.

This paper gives a close reading of a number of poems by Fernando Pessoa, in particular by his ‘heteronym’ Alberto Caeiro. On that basis, a poetic ontology focused on the concept of ‘surfaciality’ is sketched which is then made more concrete through a discussion of the concepts of understanding and interpretation in Heidegger’s Being and Time. As an elaboration of this ontology, the paper concludes with a close reading of important long poem by Wallace Stevens, ‘Description Without Place’.

Os heterônimos do poeta português Fernando Pessoa constituem uma das mais fantásticas criações da poesia moderna. Através deles, fingindo-se um deles, o poeta apresenta-se múltiplo, como que habitado por várias pessoas, encerrando vários eus, num jogo literário em que entretanto não se identifica com nenhum deles. Sem desconsiderar a complexidade dessa criação literária, o artigo propõe-se a abordar alguns aspectos da obra do “Pessoa ele-mesmo”. Em certo sentido, Pessoa ele-mesmo é também um heterônimo. Poeta fingidor, nada (...) nele é diretamente confessional ou biográfico. Pessoa ele-mesmo apresenta-se como a expressão dramática de uma busca de identidade, aberta numa constelação de personalidades complexas e sofridas. A dor fingida que finge a dor sofrida e outras representações da dor existencial de Pessoa ele-mesmo podem ser lidas como angústia e mística. Para tecer esse percurso, o artigo se reportará basicamente às poesias inéditas de 1919-1935, basicamente os últimos escritos do grande e múltiplo poeta português. Palavras-chave : Fernando Pessoa. Heterônimos. Angústia. Mística. Teopoética.The heteronyms of the Portuguese poet Fernando Pessoa is one of the most fantastic creations of modern poetry. Through them, and pretending to be one of them, the poet presents himself as multiple, as if inhabited by several people, assuming several selves, in a literary game in which the poet does not identify himself with any of them. Without ignoring the complexity of such literary creation, the paper aims to address some aspects of the work of “Fernando Pessoa-himself”. In a sense, “Fernando Pessoa-himself” is also a heteronomous that carries a message that is neither confessional nor a bibliographic one. “Fernando Pessoa-himself” presents himself as a dramatic expression of an identity search within a constellation of some complex and suffered personalities. The “pretended pain” that pretends to be a true suffering as well other representations of the existential pain of “Fernando Pessoa-himself” can be comprehended as anxiety and mystique. To accomplish this purpose, the article will report primarily to the unpublished last poems of the great poet Fernando Pessoa, written between 1919 and 1935. Keywords: Fernando Pessoa. Heteronyms. Anguish. Mystique. Theopoetic - DOI: 10.5752/P.2175-5841.2012v10n25p93. (shrink)

Modernism in the early 20th century has usually been viewed as a radical break with the past and tradition. Nevertheless, there are a great deal of direct references to classical antiquity in many works of modernist artists. This apparent contradiction forces us to rethink the notion of a radical break between the new and the past. It is with this in mind that the present article focuses on one of the most exiting periods in European cultural history. In particular, the (...) article refers to two attempts to revitalize classical antiquity during the first decades of the 20th century. These two attempts are illustrated by the Portuguese writer, Fernando Pessoa, and the Italian painter, Giorgio de Chirico. Their works are not only characteristic of the marked revival of classical antiquity in the first years of Modernism, but they also reveal that this revival is more than a simple “new classicism”. Insofar as this new/ past dualism, the work of Pessoa and de Chirico should be better described as an updated mythological thinking. (shrink)

Following a lengthy period in which they were glorified and worshiped, several illustrious personages led a seemingly miserable and almost forgotten existence for two thousand years until they appeared sporadically in nineteenth and twentieth-century literature, philosophy, and poetry. Apart from a brief moment during the Renaissance, the ancient Greek gods only managed to emerge from their existential shadows at the time of Romanticism, when few poets failed to provide these gods with a fleeting haven in some of their verse, even (...) if this favor was often nothing more than a form of tautological self-identification as their being poets (Calasso 11-12). Subsequently, the gods generally played a merely more or less .. (shrink)

This chapter explores insights concerning the relations among imagination, imagined selves, and knowledge of one’s own self that are to be found in Fernando Pessoa’s The Book of Disquiet. The insights are explored via close reading of the text and comparison with contemporaries of Pessoa. First, a tempting account of the importance of imagination in The Book of Disquiet is set out. On this reading, Pessoa is immersed in miasmatic boredom, but able to temporarily rise above (...) it through the restorative powers of escapist imagination. But, it is suggested, Pessoa neither enjoys his prolific imaginings, nor returns from them restored. It is argued that Pessoa’s disquiet owes to failures of imagination; the book presents a sharp contrast between Pessoa’s keen awareness of the importance of a successful, active imaginative life, and his failure to maintain such a thing. It is further argued that these failures point us towards a better account of imagination’s importance to Pessoa, an account that both prefigures and goes beyond Sartre’s ideas about the relations between nothingness, imagination, and self-consciousness. (shrink)

In a note to G.R.S. Mead’s "Quests Old and New", where he found a section devoted to Hans Vaihinger’s main ideas, Fernando Pessoa reflects on the consequences of the fictionalist approach to both our perception of the I and the value of consciousness. These questions correspond to some statements that we find in Nietzsche’s writings, which in particular Vaihinger refers to in his Die Philosophie des Als-ob. Our aim is thus to compare Nietzsche’s and Pessoa’s view of (...) the I and consciousness, and to deal with their psychology by making reference to Vaihinger’s fictionalism. (shrink)

It was not only in his infamous speeches as NSDAP-approved Führer- Rektor of Freiburg University that Heidegger advocated what can be seen as an ‘activist’ understanding of human existence. To exist, according to this approach, means to be called upon to take charge of one’s life - actively, responsibly, authentically - whether mandated by Volk and Führer or not. Heideggerian resoluteness amounts to being active in a deep sense, a view articulated during the Rektoratszeit in the form of an outright (...) equation of dasein and work. I will revisit Heidegger’s phenomenology of boredom in Basic Concepts of Metaphysics, and contrast it with passages from Fernando Pessoa’s Book of Disquiet. Pessoa presents a radical counterpoint to Heidegger, utterly at odds with his intellectual and political persona. Insofar as the early Heidegger still represents the sinister forces ruling on the death star of western metaphysics, Pessoa carries the light that can set us on a path toward very different horizons for thinking being. (shrink)

Do orador ao mestre: concepções romanas da linguagem -- Consciência e linguagem: acerca da crítica linguística do sujeito na primeira metade do século XX -- Hegel, Escher, Borges: figuras e conceitos da reflexão -- Pensar e refletir: sobre o modelo reflexivo do pensar em Kant e Heidegger -- Fernando Pessoa e a consciência infeliz -- Fernando Pessoa: aproximação dialética e fenomenológica -- Negatividade e saber absoluto na Teoria do ser e da verdade de José Marinho -- (...) Eudoro de Sousa e a mitologia -- Filosofia da arquitetura e do espaço: aproximações histórico-conceptuais ao modernismo -- Sobre os pressupostos e consequências da crítica ao relativismo nos Prolegómenos à lógica pura de Husserl -- A epoché da modernidade: A crise das ciências europeias de Husserl. (shrink)

Fernando Coni Campos é considerado um dos maiores roteiristas da nossa cinematografia, autor de filmes importantes como 'A Viagem Ao Fim do Mundo', 'Ladrões de Cinema' e 'O Mágico e o Delegado'. 'Cinema - Sonho e Lucidez' é uma reunião da reflexão sobre cinema do cineasta, morto em 1988, acrescida de alguns contos que mostram todo o seu domínio em contar histórias.

Nada hay más confortable para el hombre, ni más peligroso, que las certezas. Nuestra mejor defensa es la filosofía, que consiste engran medida en el arte de cuestionarlas, de atreverse a pensar, de interpelar las verdades establecidas y ver qué esconden. En estepaseo por la historia de la filosofía, Fernando Savater nos presenta a los grandes personajes que con sus preguntas, y en ocasiones con sus respuestas, han marcado el pensamiento occidental. Platón, Aristóteles, Hobbes, Tomás de Aquino, Nietzsche, Marx, (...) Ortega, Wittgenstein y hasta dieciocho filósofos más desfilan por estas páginas de la mano de Savater, que con su habitual estilo lúcido, ameno e inteligente explica sus ideas más importantes y resume sus trayectorias. Un canto al irrenunciable ejercicio de la libertad intelectual, este libro es en realidad una invitación a huir de los tópicos y a compartir con los grandes filósofos la maravillosa aventura de pensar. (shrink)

To begin with -- Genealogy of the cerebral subject -- Disciplines of the neuro -- Cerebralizing distress -- Brains on screen and paper -- Up for grabs.

This paper presents a method for investigating counterfactual histories of science. A central notion to our theory of science are "advances" (ideas, data, etc.), which are units passed among scientists and which would be conserved in passing from one possible history to another. Advances are connected to each other by nets of causal influence, and we distinguish strong and weak influences. Around sixty types of advances are grouped into ten classes. As our case study, we examine the beginning of the (...) Old Quantum Theory, using a computer to store and process historical information. We describe four plausible possible histories, along with six other implausible ones. (shrink)

This work offers an analysis of all the legal and moral issues surrounding humanitarian intervention: the deaths of innocent persons and the Doctrine of Double Effect Governmental legitimacy - The Doctrine of Effective Political Control; UN Charter and evaluation of the Nicaragua ruling; The Morality of not intervening; US-led invasion of Iraq; Humanitarian intervention authorised by the UN Security Council - Iraq, Somalia, Haiti, Rwanda, and Bosnia among others highlight NATO's intervention in Kosovo; The Nicaragua Decision; and The precedents of (...) Panama, Liberia and Sierra Leone. The book's features include: a new framework based on the doctrine of double effect; basic principles of international ethics; outline of the moral argument for humanitarian intervention; explores the morality and legality of military action to end tyranny or anarchy; arguments in a much more detailed and complete fashion than in previous editions; in-depth examination of philosophy of international law; the relationship between custom and moral theory; new discussion of the question of right authority; and a full analysis of recent interventions in Kosovo and Iraq. book addresses a broad interdisciplinary audience of international lawyers, philosophers, and political scientists. In this new edition, the author responds to critics while updating the discussion in the light of the momentous events that took place at the beginning of the new millennium. (shrink)