A crítica enérgica de Heidegger à Metafísica moderna, a qual funda a possibilidade de determinação do Ser na Subjetividade, levou-o a começar a sua investigação do sentido do Ser voltando-se para a Filosofia grega. Com Aristóteles Heidegger procurou solo conceitual para demonstrar na facticidade do existir, antes que na Consciência, o fundamento da compreensividade de todo, e com Platão, o Filósofo buscou um ponto de partida fundado para legitimar uma investigação positiva do não-Ser – aqui o seu intuito foi precisamente (...) o de conceder uma linhagem à problemática do Nada e da Diferença. A partir de uma breve contextualização de duas questões assumidas por Heidegger em sua abordagem inicial de ambos os Filósofos gregos, propomos, neste Ensaio, indicar uma demarcação, fixada em suas Obras principais, dos saltos capitais do seu percurso investigativo, situado entre os chamados primeiro e o segundo Heidegger, em vista da abertura de uma saída da Metafísica e a sua apresentação de um novo Princípio de abordagem do Ser, com a feição de Acontecimento – a figura do entretecimento de Ser e Tempo fora da perspectiva da Entidade. A referência a essas questões embora de modo apenas indicativo, permitirá manter presente o ponto de partida da problemática ética e ontológica assumida por Heidegger como tarefa determinante de sua Filosofia. (shrink)

Este ensaio teórico tem por objetivo analisar criticamente os confrontos entre uma filosofia do uso ou da apropriação, das coisas e da vida, através da leitura da História da sexualidade II: O uso dos prazeres de Michel Foucault. Surgem possibilidades ético-políticas da potência do uso para constituir projetos-de-vida a partir da teorização do uso, que abarca a reflexão acerca do momento oportuno de uso, do comedimento ao uso e da sua relação com a liberdade e a verdade. Por necessidade, momento (...) ou status inserido em regras formais de uso, a autogestão da vida, por vezes, gera uma luta consigo mesmo para resolução de problemas e alcançar objetivos. Portanto, o planejamento da vida é concedente de liberdade e emancipação. (shrink)

A partir das noções de intelectual orgânico, clássico e revolucionário, tais como apresentadas por Sartre nas Conferências dadas no Japão em 1965 e em entrevista de 1970 (publicadas em conjunto em Situações VIII), pretendemos compartilhar questões sobre qual seria o papel dos intelectuais no mundo das redes sociais, e se ainda é possível pensar em alguma função. Em primeiro lugar, descreveremos a classe social a partir da qual o intelectual surge e quais são as contradições com as quais se depara (...) e que desvela, sobre a sociedade e sobre si mesmo. Por fim, atualizando a questão sartriana, tal como o próprio filósofo fez com a noção de universal singular discutida a partir de Kierkegaard (no artigo L'Universel Singulier, publicado em Situações IX), traremos elementos que complexificam o alcance de seu papel e a esperança em sua efetividade, ainda mais quando os próprios intelectuais contribuem para a manutenção dos valores da classe dominante, mesmo que aparentemente sejam contrários a eles. (shrink)

O presente trabalho pretende-se, até certa medida, como continuação de outro, também publicado pela Principia, intitulado A tradição clássica como totem identitário ocidental, cujo texto discutiu a trajetória de apropriação da cultura clássica como matriz para uma definição da identidade ocidental dentro dos limites das Idades Média e Moderna, com especial foco no Humanismo e no Renascimento. Neste texto temos a intenção de examinar os usos destinados à cultura clássica no período posterior à Revolução Francesa.

Membro do Centro de Estudos de Filosofia Patrística e Medieval de São Paulo, Attie Filho é estudioso da filosofia de língua árabe, dedicando-se especialmente à obra de Avicena, sobre a qual prepara sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo. Em 'Falsafa - a filosofia entre os árabes', o autor apresenta - tanto para os estudiosos de filosofia quanto para o leitor culto de um modo geral - um panorama do período clássico da filosofia entre os árabes, a partir (...) do movimento de recepção e desenvolvimento da filosofia grega nas terras dominadas pelo Islão, entre os séculos VIII d.C e XIII d.C. Além disso, mostra também algumas características básicas do pensamento dos quatro pensadores de maior envergadura da falsafa - Al-Kindi, Al-Farabi, Ibn Sina e Ibn Rusd. (shrink)

o problema dos universais pode ser posta sob a forma de uma pergunta muito simples: "Existem universaisT' Essa perguuta supOe que tenhamos claro 0 que entendemos por universais. Um bom caminho para se chegara talescJarecimento econcebe-Ios, como PIat40 mesmo 0 fazia, como os objetos a serem designados por termos gerais em sua forma no.l' ,-~ n....&:cados " -' '--"" ...c. •..IA-' • " podemnuna JZuua. .r.~ como ...... UUUI, ...... lUOl;;llUCO a... , tomar a forma de DOmes como "0 bern. (...) ", "0 identico ", 0 que supostamente os evidenciacomo termos designadores de universais. Com isso a pergunta "Existem universaisT' pode ser mais precisamente formulada como: "Existem designata prOprios para as nossas nominaJiza~ de termos gerais r Para essa pergunta podemos ter, a grosso modo, duas respostas: "sim", que ea resposta do realista; "0.10", que ea resposta do nominaJista. Essas respostas definem, nIo importa 0 que se aerescente, as duas altemativas basicas. (shrink)

o objetivo deste escrito e analisar 0 conceito heideggeriano de ontoteologia, destacando a sua significacao, enquanto estrutura da história da metafisica. Para 0 proposto, considerarei duas questões que me parecem essenciais nessa estrutura, seu início e o seu fim. No que diz respeito à primeira questáo, (A) veremos o quanto é problemática a generalizaçáo da tese, de que há uma estrutura ontoteológica na história da metafisica desde Aristóteles, pois náo é táo simples detectar o seu início, ou seja, quando começa, (...) de fato, ontoteologia? Teria sido com o pensamento clássico grego, mais especificamente com Aristóteles, tal como conjectura Heidegger, ou com a Escolástica como pensam alguns medievalistas'. No que se refere à segunda questáo, (B) compararemos a critica de Heidegger e de Nietzsche à metafisica, demonstrando a ideia de Deus como a base de sua essência, considerando-a, particularmente, como ontoteologia -tal como Heidegger a concebe -e demonstraremos que, apesar de tal concepcao ser de inspiracao hegeliana, a matriz critica da qual ela deriva é nietzschiana, pois pressupõe a sua superaçáo. (shrink)

O objetivo deste artigo é analisar os usos que Werner Heisenberg fez da filosofia grega em sua obra. Pretende-se relacionar tais usos não apenas com a argumentação interna presente nos textos do físico alemão, mas também com o contexto histórico, conflitos e debates entre as diversas interpretações da teoria dos quanta durante a primeira metade do século XX. Faremos, inicialmente, uma apresentação geral da teoria quântica e da presença da filosofia na obra de Heisenberg e, em seguida, um estudo de (...) caso da apropriação que Heisenberg fez do pensamento de Leucipo, Demócrito, Heráclito, Platão e Aristóteles. (shrink)

O problema da felicidade é recorrente nos tratados sobre Ética da Antiguidade. Os medievais defrontam-se com eles ao escreverem seus próprios textos. Neste trabalho procura-se analisar a forma como Tomás de Aquino e Boécio de Dácia, ao produzirem textos não teológicos, incorporam a seus tratados as obras antigas, principalmente de Aristóteles e Severino Boécio.

Este artigo propõe um estudo sobre algumas reflexões filosóficas feitas por Alexander Baumgarten no contexto dos desdobramentos do racionalismo escolástico de Leibniz. Investigarei as teses metafísicas, sobretudo as que explicam a estrutura do conhecimento sensível, a psicologia empírica e as faculdades da gnosiologia inferior. Além disso, veremos de que maneira Baumgarten retoma as teorias clássicas da retórica e da poética para criar seu sistema das artes, examinando o papel das percepções da alma na produção e contemplação da beleza. Por fim, (...) analisaremos de que maneira a estética baumgartiana sintetiza as verdades metafísicas e os estudos clássicos em uma única disciplina filosófica, ao fomentar uma educação cultural de elevação espiritual. (shrink)

While feminist critiques of AI are increasingly common in the scholarly literature, they are by no means new. Alison Adam’s Artificial Knowing (1998) brought a feminist social and epistemological stance to the analysis of AI, critiquing the symbolic AI systems of her day and proposing constructive alternatives. In this paper, we seek to revisit and renew Adam’s arguments and methodology, exploring their resonances with current feminist concerns and their relevance to contemporary machine learning. Like Adam, we ask how new AI (...) methods could be adapted for feminist purposes and what role new technologies might play in addressing concerns raised by feminist epistemologists and theorists about algorithmic systems. In particular, we highlight distributed and federated learning as providing partial solutions to the power-oriented concerns that have stymied efforts to make machine learning systems more representative and pluralist. (shrink)

o objetivo deste artigo é proporcionar uma reconstrução racional do programa de pesquisa do racionalismo neoclássico como um substituto para o programa do racionalismo clássico. O programa do racionalismo neoclássico se desenvolve pela elaboração de uma nova concepção de ciência que a demarque da metafísica, com a definição da ciência como representação em lugar de explicação. Esse programa é constituído de três subprogramas: o convencionalismo/pragmatismo de Poincaré, o realismo convergentista de Duhem e o empirismo lógico.

O objetivo deste trabalho é apresentar a filosofia de Kant e o pensamento de Bohr como formas de conhecimento que se encontram, segundo alguns comentadores, a partir de conceitos da física clássica. Ademais, a epistemologia de Kant apresentou grande aproximação com a filosofia natural de Newton e, conceitualmente, alguns limites de fronteira com a filosofia da física quântica, se consideramos a fase inicial da mecânica clássica. Tais conceitos limítrofes adquiriram forma na física de Bohr e, por sua vez, se modificaram (...) no pensamento do físico dinamarquês. Assim, aborda-se aqui a posição de Bohr sobre conceitos aproximados da filosofia kantiana, pelo viés clássico da preservação de conceitos como espaço, tempo, realismo e causalidade da física. Por outro lado, serão apresentados argumentos que indicam como não se sustentam todas as interpretações que construíram um “Bohr kantiano”. (shrink)

This book experiments with Nietzsche and Adorno who are contemporary proponents of early German Romanticism. By reconstructing the philosophies of language of these thinkers and their critique of metaphysics and identity thinking, this book develops a notion of philosophical praxis that is grounded in the ethical dimension of thinking.

This book experiments with Nietzsche and Adorno who are contemporary proponents of early German Romanticism. By reconstructing the philosophies of language of these thinkers and their critique of metaphysics and identity thinking, this book develops a notion of philosophical praxis that is grounded in the ethical dimension of thinking.

Making sense of our human existence can be difficult, but we may experience particular moments that prompt us to search for something deeper. Os Guinness tells stories of people who experienced these "signals of transcendence" and followed them to find new meaning and purpose in life-and the same can be true for us.

The relation between Emanuel Swedenborg and Immanuel Kant has been the subject of many discussions. The chief aim of this paper is not to elucidate this question from an historical point of view, but to compare the teachings of the two thinkers, as those teachings have come to us. Kant's "Träme eines Geistersehers" embodies a very unfavourable opinion about Swedenborg. It is a curious circumstance, that this judgement is not based on decisive arguments. On the contrary, Swedenborg's fundamental doctrines about (...) the existence of a spiritual world and the communication between the living and the dead, are accepted by Kant as plausible. Du Prel and others have concluded, that Kant was a Swedenborgian in his heart, and that his negative attitude was due to the fear of losing his scientific reputation. A careful consideration of the two philosophical systems does not tend to bear out this opinion; nevertheless, such a comparative study is very instructive. In the mental development of the two thinkers there are remarkable analogies. Both were occupied with the great problems of God and the human soul; and both were disappointed by the leading philosophical and theological doctrines of their days. To Swedenborg those doctrines seemed to lead straightforwardly to naturalism and atheism. Kant was struck by the diversity of the opinions expressed and by the succession of heterogeneous doctrines without lasting results. But the reactions of the two men in these circumstances were different. In his cosmological and anatomical works Swedenborg aims at acquiring a comprehensive view of the Universe, in which view God and the soul should obtain their proper places. When he had reached the age of about 55 years, a crisis set in, which he described as "the opening of his spiritual senses". From that time he could see the spiritual world and speak with its inhabitants; he could study the workings of God and of the soul with the help of living experience. Kant raised the question, whether there are departments of knowledge in which certainty is attainable, and what is the ground of this certainty. His answer is, that the fundamental propositions of mathematical physics are absolutely certain. The ground lies in the fact, that these propositions are not derived from experience, but that they are "synthetic judgments a priori". They express the workings of the "categories" and "forms of intuition". by means of which the mind constructs, out of a chaos of sense-impressions, the ordered universe of science. Of objects to which these propositions do not apply, e.g. God and the soul, no certain knowledge is possible. This precludes the knowledge of "another world", fundamentally different from our ordinary world. So there seems to be an irreconcilable opposition between the teachings of Kant and of Swedenborg, But further considerations tend to lessen this contrast. Notwithstanding his own teaching, Kant accepted a life after death and he even speculated on it. If we follow this example, we come to remarkable conclusions. It is reasonable to suppose, that the spirits, who have been men, use the same categories as we do. Then out of the impressions which reach them, they will construct a world built on the same pattern as our earthly world. So life before and after death will not be very different. And this is precisely Swedenborg's teaching. This may be confirmed by the experiences of our dream-life. In dreams, our mind out of different impressions builds a world closely resembling our ordinary world. The spiritual world, as described by Swedenborg, presents many analogies with the world of our dreams. Now it is a very remarkable circumstance, that modern physics has been under the necessity of modifying the system of categories as described by Kant. In quantum mechanics the connection between cause and effect is less stringent than in classical mechanics. This adds fresh interest to the study of a system like that of Swedenborg, where quantitative laws are largely replaced by qualitative laws. (shrink)

Resumos das teses e dissertações do Departamento de Filosofia do segundo semestre de 2011.