Abstract
A crítica enérgica de Heidegger à Metafísica moderna, a qual funda a possibilidade de determinação do Ser na Subjetividade, levou-o a começar a sua investigação do sentido do Ser voltando-se para a Filosofia grega. Com Aristóteles Heidegger procurou solo conceitual para demonstrar na facticidade do existir, antes que na Consciência, o fundamento da compreensividade de todo, e com Platão, o Filósofo buscou um ponto de partida fundado para legitimar uma investigação positiva do não-Ser – aqui o seu intuito foi precisamente o de conceder uma linhagem à problemática do Nada e da Diferença. A partir de uma breve contextualização de duas questões assumidas por Heidegger em sua abordagem inicial de ambos os Filósofos gregos, propomos, neste Ensaio, indicar uma demarcação, fixada em suas Obras principais, dos saltos capitais do seu percurso investigativo, situado entre os chamados primeiro e o segundo Heidegger, em vista da abertura de uma saída da Metafísica e a sua apresentação de um novo Princípio de abordagem do Ser, com a feição de Acontecimento – a figura do entretecimento de Ser e Tempo fora da perspectiva da Entidade. A referência a essas questões embora de modo apenas indicativo, permitirá manter presente o ponto de partida da problemática ética e ontológica assumida por Heidegger como tarefa determinante de sua Filosofia.