Abstract

This paper offers a critical examination of Kierkegaard's account of friendship, and considers whether he accounts sufficiently for the transformative possibilities of friendship. Part I gives a brief discussion of ethical friendship in Either/Or, then turns to Works of Love and its critique of friendship. Kierkegaard does, however, retrieve and affirm friendship insofar as it is transformed by Christian neighbor love. The author then proceeds to consider whether this transformed friendship can also be genuinely transformative. Part II draws on Kierkegaard's analysis of the leveling effects of modern culture, and argues that friendship can play an important role in resisting this threat by helping to initiate and preserve religious actuality. The author of the article contends that Kierkegaard needs to be pushed further on this point, since his writings remain ambivalent regarding such a possibility. Similarly, Part III examines Kierkegaard's openness to a concept of transformative Christian friendship. To this end, the article considers the possibility of friendship with Christ. Then, drawing on John 15, the Christological basis for friendship is taken into consideration. Finally, through Kierkegaard's account of Christ's friendship with Peter, the author of the article concludes that a charitable reading of Kierkegaard points us toward transformative friendship, even though it seems also clear that the Danish thinker does not venture far enough in that direction himself. /// O presente artigo analisa criticamente o pensamento de Kierkegaard sobre a amizade, interrogando-se particularmente até que ponto ele dará ou não suficiente atenção às possibilidades transformativas da mesma. Começando com uma breve discussão da amizade ética na obra Alternativa, o artigo passa depois a uma análise de Obras do Amor e à crítica da amizade que nela se faz. Mostra-se, assim, que Kierkegaard retoma e afirma a amizade na medida em que ela é transformada pelo amor ao próximo. A questão seguinte tem a ver com a possibilidade de esta amizade transformada poder também ela mesma ser genuinamente transformativa. Num segundo momento, o autor do artigo toma em consideração a análise que Kierkegaard faz dos efeitos niveladores da cultura moderna, argumentando que a amizade pode desempenhar um papel importante na resistência a esta ameaça ajudando a iniciar e a preservar a actualidade religiosa da mesma. O autor considera que Kierkegaard precisa de ser confrontado no que se refere a esta questão dado que os seus escritos permanecem ambivalentes a propósito desta possibilidade. De igual modo, num terceiro momento do artigo, o autor analisa a abertura de Kierkegaard ao conceito cristão de uma amizade transformativa. Para este fim, é considerada sobretudo a possibilidade da nossa amizade com Cristo. Neste contexto, o artigo aborda, nomeadamente em referência ao capítulo 15 do Evangelho de S. João, a base Cristo-lógica da amizade. Por fim, o artigo faz referência à amizade de Cristo com Pedro e conclui que uma leitura benevolente de Kierkegaard não pode deixar de nos apontar para uma visão transformativa da amizade, ainda que o pensador dinamarquês não pareça ir suficientemente longe nesta direcção.