Amicitia nostra vera ac sempiterna erit: As fontes da Amizade Espiritual em Agostinho de Hipona

Revista Portuguesa de Filosofia 64 (1):209 - 240 (2008)
  Copy   BIBTEX

Abstract

O presente artigo constitui um estudo do conceito de amizade em Santo Agostinho, em particular tal como ele se apresenta nas Confissões e nas Epístolas, tendo especialmente em conta a influência que a noção de φιλία ou de amicitia produziram no seu pensamento. Mostra-se também que o modelo teórico ciceroniano é uma das principais fontes de Agostinho, mas não a única. Nesse sentido, a definição que Cícero dá da amizade transforma-se em motivo para uma verificação da medida em que Agostinho está em sintonia com o autor Latino ou em que medida eles se diferenciam. Daí a atenção dada ao conceito de benivolentia, conceito esse que no pensamento de Agostinho tem uma conotação próxima do conceito de caritas e do afecto, coisa que não acontece nem em Aristóteles nem em Cícero. Por outro lado, mostra-se também que Agostinho mantém praticamente desde a sua conversão a mesma concepção de amizade, pois que, quer no Contra Académicos, quer na Epístola 258, se encontra presente a mesma doutrina sobre a amizade, à qual está subjacente uma espiritualidade monástica e fraternal, que resulta da consolidação de elementos tanto filosóficos como bíblicos. Por último, o artigo sublinha ainda até que ponto para Agostinho a amizade verdadeira entre amigos deverá manter um acordo entre as coisas humanas e divinas, acordo esse que consiste numa articulação, em consonância com a tradição bíblica, das rerum humanariam et divinarum cum benivolentia et caritate consensio. /// The aim of this article is to discuss the concept of friendship in Augustine, particularly in the Confessions and in the Epistles, considering in particular the influence that the notion of φιλία or amicitia had in his thought. Cicero's theoretical model is one of the main sources for Augustine but not the only one. The definition that Cicero presents is a fundamental motive for the author of the article to assess to what extent there is, in Augustine, a complete harmony with him, and in which aspects they differ. One of these concepts is benivolentia, which in Augustine's thought is reinforced and comes closer to caritas and affection, a meaning that it does not have in Aristotle and Cicero. The article also shows that after his conversion Augustine maintained practically the same concept of friendship, since both in Contra Academicos as well as in the Epístola 258 we find the same doctrine. Subjacent to this notion of friendship there is a monastic and brotherly spirituality which is the result of the consolidation of philosophical and biblical elements. Finally, the article shows that for Augustine a true friendship implies an agreement between human and divine matters. This agreement allows an articulation between the rerum humanarum et divinarum cum benivolentia et caritate consensio and the biblical tradition.

Links

PhilArchive



    Upload a copy of this work     Papers currently archived: 91,349

External links

Setup an account with your affiliations in order to access resources via your University's proxy server

Through your library

Similar books and articles

Spirituality: A Key Concept in Augustine's Thought.Roland J. Teske - 2008 - Revista Portuguesa de Filosofia 64 (1):53 - 71.
Nietzsche como Pensador da Política.Viriato Soromenho-Marques - 2001 - Revista Portuguesa de Filosofia 57 (2):247 - 267.
The Rationale for a Catholic Philosophy: According to Maurice Blondel.Oliva Blanchette - 2004 - Revista Portuguesa de Filosofia 60 (2):329 - 348.
Lonergan and Art.Glenn Hughes - 2007 - Revista Portuguesa de Filosofia 63 (4):991 - 1000.
Listening to Nietzsche.Jeremiah L. Alberg - 2001 - Revista Portuguesa de Filosofia 57 (1):61 - 71.
Evil, Monstrosity and The Sublime.Richard Kearney - 2001 - Revista Portuguesa de Filosofia 57 (3):485 - 502.
Gadamer e o Deus dos Filósofos.Giovanni Moretto - 2000 - Revista Portuguesa de Filosofia 56 (3/4):421 - 439.
Tiempo y Libertad en el pensamiento: de Henri Bergson y de Emmanuel Levinas.Julia Urabayen - 2006 - Revista Portuguesa de Filosofia 62 (2/4):675 - 696.

Analytics

Added to PP
2011-05-29

Downloads
34 (#456,993)

6 months
6 (#522,885)

Historical graph of downloads
How can I increase my downloads?

Author's Profile

Maria Manuela Brito Martins
Universidade Católica Portuguesa

Citations of this work

No citations found.

Add more citations

References found in this work

No references found.

Add more references