Habilidade e causalidade: uma proposta confiabilista para casos típicos de conhecimento

In Jaimir Conte & Cezar Mortari (eds.), Temas em Filosofia Contemporânea. Florianópolis, State of Santa Catarina, Brazil: pp. 38-48 (2014)
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Abstract

Debates em epistemologia recente têm se pautado, em grande medida, pelo problema de caracterizar a natureza da justificação. De modo geral, a tarefa tem sido explorar o status epistêmico que faz com que uma crença verdadeira seja uma instância de conhecimento. Este debate traz consigo uma discussão mais ampla acerca do conteúdo da definição de conhecimento, ou seja, uma discussão cujo propósito é identificar o que compõe de forma necessária e suficiente esta noção epistêmica central. No entanto, paralelamente a este trabalho tem surgido um tipo de preocupação que, em alguma medida, parece ser anterior à tarefa de discutir a natureza ou os conteúdos do conceito em questão. Esta preocupação diz respeito ao problema da atribuição de conhecimento. Casos do tipo-Gettier não só colocam em xeque a definição tradicional, expondo uma insuficiência nos conteúdos comumente associados a esta noção, mas o fazem mostrando que atribuições triviais de conhecimento estão sob risco, quando pautadas pelos conteúdos da noção tradicional. Como veremos, a intuição contida na revisão feita por Edmund Gettier se torna ainda mais relevante ao notarmos que o problema persiste mesmo em versões reformuladas da noção tradicional do conhecimento, como presente na proposta confiabilista, com a qual lidaremos neste trabalho.Oproblema, em linhas gerais, é o seguinte: como devemos entender a atribuição de conhecimento para sujeitos que, supostamente, preenchem todas as demandas para tal, mas que não parecem ter conhecimento em sentido estrito? Os casos de Gettier são paradigmáticos neste sentido. Veremos mais adiante que casos como estes nos apresentam sujeitos que estão cumprindo todas as demandas da análise tradicional do conhecimento, mas que de fato não chegam a possuí-lo. Alternativamente, o problema pode ainda ser invertido: como devemos entender a atribuição de conhecimento para sujeitos que não cumprem todas estas demandas, mas para os quais, intuitivamente, atribuímos conhecimento? Este problema, veremos, é central para a proposta confiabilista, posto que coloca em dúvida uma das formulações recentes da teoria, defendida por John Greco, e pretende mostrar que tal formulação não salva a teoria do problema da atribuição. Neste trabalho, discutirei o alcance deste problema para a epistemologia e em que sentido sua versão invertida afeta o confiabilismo do agente1 de John Greco. Na primeira parte do trabalho meu foco estará no problema geral e na possível contribuição que a noção de saliência causal, proposta no confiabilismo do agente, tem a oferecer como solução.Emseguida, apresentarei dois contraexemplos à centralidade da saliência causal advogada por Greco. Então, na terceira e última parte do trabalho discutirei uma reformulação que Greco faz de sua própria proposta para dar conta das demandas apresentadas por estes contraexemplos. Ao final, defenderei, seguindo Greco, que sua reformulação da noção de saliência causal para casos de conhecimento, em termos qualitativos e não quantitativos, pode nos servir mais adequadamente para entender esta relação de atribuição.

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