São Paulo: Annablume (
2011)
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Abstract
O problema da causa mental é uma das questões filosóficas mais fascinantes na obra de Freud. A releitura neo-pragmática que Cláudia Passos-Ferreira faz sobre o tema se insere no interior de profícuos debates no campo da Psicanálise, Filosofia da Psicanálise e da Filosofia da Mente que têm contribuído para a inovação do pensamento nas teorizações psicanalíticas. Em A maquina semântica de Freud, Cláudia aborda a teoria causal do mental de Freud e seu uso na explicação do conflito psíquico. Diante dos impasses do problema, Freud criou uma dupla dimensão da causalidade psíquica, que oscila da causa mecanicista à causa intencional. A hipótese de Cláudia é que a forma mais coerente de defender a tese da causalidade psíquica é descrevê-la como ‘causa intencional’, usando o vocabulário psicológico. Para dar suporte a essa ideia, a concepção estrita da causalidade sustentada por Wittgenstein é dispensada, e a ideia de causa mental em Davidson é endossada como aquela que pode ser mais facilmente articulável às hipóteses freudianas. Em Wittgenstein, busca-se, sobretudo, o apoio teórico para analisar os pontos fracos das teses causais freudianas; em Davidson, o suporte necessário a explicitação e validação lógicas do que Freud afirma sobre o tema. Claudia analisa três momentos da obra freudiana. Na primeira tópica, Freud usa um vocabulário híbrido, descrevendo o psiquismo tanto em termos de causas a-racionais quanto em termos intencionais. Na segunda tópica, o psiquismo assume, cada vez mais, uma descrição intencional, e a causa a-racional da energia pulsional, inicialmente apresentada como um motor do psiquismo, dá lugar a angústia como um afeto intencional que obriga o eu a encontrar uma solução para os conflitos psíquicos. Esse livro reúne tanto o interesse filosófico pelos problemas da causação mental e da relação mente-corpo quanto o refinamento do arcabouço teórico que guia a prática clínica.