Griot 23 (2):99-114 (
2023)
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Abstract
O populismo contemporâneo tem suscitado profícuos debates entre os teóricos políticos, tais como Ernesto Laclau, com a sua teoria do discurso atrelada à psicanálise, defendendo a ideia de que o populismo representa a lógica da política; e Nadia Urbinati, que compreende o populismo como a desfiguração da democracia. O desdobramento deste embate de ideias levará à análise de uma figura importante para o populismo: o líder populista. Se para Laclau a noção de _significante vazio_ expressa o sujeito coletivo na figura do líder, resultado da lógica da equivalência e da diferença entre as diversas demandas sociais, para Urbinati o líder populista utiliza o regime democrático para atingir fins antidemocráticos, aviltando a parte da população que dele diverge. Pretende-se neste artigo analisar ambas as concepções e, a partir do confronto destas perspectivas sobre o populismo, apresentar uma hipótese de base psicanalítica sobre o que conduz os indivíduos a apoiarem uma representação política autoritária.