Abstract
O nosso artigo está dividido em duas partes. A primeira parte visa mostrar como o sentido da transcendência está profundamente enraizado em todo o pensamento heideggeriano. A segunda parte procura ilustrar essa hipótese de leitura recorrendo a alguns textos de juventude do filósofo e os interpretando a partir de diversos estudos sobre a gênese de sua obra. No entanto, pressupomos que a sua relação com o cristianismo não foi ultrapassada nem com a sua ruptura com o “sistema do catolicismo” e nem com o seu afastamento filosófico da teologia. Ao contrário, a experiência cristã, de certa forma, persiste em todo seu itinerário e está presente, mesmo após a “viravolta” (Kehre) dos anos trinta. Essa experiência, para além de qualquer adesão doutrinária, alimenta a questão acerca de Deus como a sempre impensada transcendência encarnada no pensamento da e na existência. Palavras-chave: Heidegger, Transcendência, Experiência Cristã, Teologia, Crítica da Razão Moderna.