Abstract
O presente artigo propõe estudar algumas possibilidades interpretativas suscitadas pela analogia com que Spinoza busca ilustrar, a partir da imagem do corpo humano, a estrutura de composição do corpo político. Começando por discutir a dinâmica de produção de corpos na Natureza, o texto desenvolve uma análise da contradição entre duas teses, presentes na obra de Spinoza – uma, na sua ontologia, e outra, na política –, que se formulam nos termos da analogia do corpo humano com o corpo político; em seguida, essa analogia desdobra-se em uma comparação entre a mente humana e o que se poderia denominar uma “mente” do corpo político, a partir da distinção entre os dois níveis de constituição do político – a cidade e o Estado ; por fim, propõe-se uma interpretação do processo de produção de ideias e representações na vida política à luz da teoria althusseriana da ideologia.