O mal em um mundo sem Deus-The evil in a world without god
Abstract
À luz da secularização da sociedade, que marcou a época moderna e a contemporânea e, sobretudo, com a larga difusão do ateísmo, trata-se de discutir a questão do mal, mostrando, por um lado, que a crença em Deus poderia atribuir uma importância cada vez maior à questão do mal, mas, por outro, poder-se-ia esperar, à luz da influência do ateísmo, que o mal assumisse uma significação inédita, ou seja, o deslocamento da questão do mal, exclusivamente, à perspectiva moral. Neste artigo, fala-se não de um mundo sem religião nem sem divino nem sem divindades. Fala-se de um mundo sem Deus, no singular, limitando-se o autor a tratar de uma só das religiões monoteístas e a filosofia que ela inspirou, a saber, o Cristianismo, ainda que sem fazer distinções entre suas diferentes confissões. Partindo, pois, do pressuposto de que o mal é a única coisa que Deus não criou, o autor mostra que os filósofos, inspirados no Cristianismo, consideraram que não seria possível ser virtuoso e dizer-se ateu ao mesmo tempo, a não ser pagando o preço de uma contradição