Theòs Anaítios: um comentário sobre a teodicéia de Platão à luz do Timeu
Abstract
Normal.dotm 0 0 1 444 2534 MM 21 5 3111 12.0 0 false 18 pt 18 pt 0 0 false false false Este artigo tem por objetivo abordar a teodiceia platônica, sintetizada pela célebre expressão theòs anaítios , à luz da gênese do mundo sensível descrito por Platão no Timeu . O significado desta expressão em Platão é claro: a responsabilidade pela escolha do gênero de vida e suas consequências é da alma ( psych é ), e não do deus. Mas o que é a alma? Partiremos da definição clássica da alma em Platão como princípio de movimento e sede de conhecimento, mas não nos deteremos nela. Qual seria a origem da alma? Com base na cosmogênese relatada pelo Timeu , tentaremos evidenciar que a formação e a autonomia da alma humana são afetadas de forma determinante pelas condições demiúrgicas: pela existência de elementos alógicos pré-cósmicos, pela interferência na regularidade dos ciclos cósmicos da Alma do Mundo, pela atividade mimética dos deuses secundários e, principalmente, pela presença de um desígnio inteligente ( nous ) que atua teleologicamente. A leitura do Timeu, além de justificar cosmologicamente a questão da justiça divina em Platão, apresentará um admirável modelo ético baseado nas noções de ordem e proporção a orientar as escolhas humanas, reforçando o pressuposto platônico da inevitável responsabilidade que os seres humanos têm sobre seu destino. Palavras-chave: theòs anaítios , inteligência ( nous ), alma ( psych é ), causa/ responsabilidade (aítia/aition), proporção ( symmetría) ABSTRACT This article aims to approach platonic theodicy, synthesized by the renowed expression theòs anaítios , in light of the genesis of sensible world described by Plato in Timeu . The meaning of this expression in Plato is clear: it is soul's ( psych é ), not god's the responsibility to choose a kind of life and its consequences. But, what is this, the soul? We start with that classic definition of soul in Plato, as moving principle and site of knowledge, but will not stop in it. What would be soul's origins? Based upon cosmogony refered to in Timeu , we shall attempt to evidence that formation and autonomy of human soul are affected by, or determined by demiurgical conditions: by existence of alogic precosmic elements, by interference in the regularity of cosmic cycles of the World Soul, by mimetic activity of secondary gods; and, above all, by the presence of an intelligent design ( nous) which operates in a teleological manner. Timeu's reading, besides explaining by cosmology the question of divine justice in Plato, will present an admirable ethical prototype, based upon notions of order and proportion to guide human choices, reinvigorating the platonic presupposition of the unavoidable responsibility that human being has about his fate. Key-words: theòs anaítios , intelligence ( nous ), soul (psych é ), cause, responsibility (aitia, aition), proportion (symmetría)