Abstract
Para elaborar sua filosofia civil, Thomas Hobbes preliminarmente se dedicou ao exame daquilo que constitui a república: o homem. Em sua análise da dinâmica afetivo-cognitiva humana, tecida a partir dos conceitos de sensação, imagem, linguagem e paixão, o conceito de imaginação é apresentado como um resíduo da experiência sensível no corpo. Como tal, uma imagem estará sujeita a se eclipsar sob a luz de imagens mais fortes ou mais recentes, que podem apagá-la da mente tomando o seu lugar. O ato ou faculdade de imaginar, a imaginação — para Hobbes “sensação em declínio” —, é memória, que exprime no presente a sensação passada. Lançada ao futuro, a imagem mantém-se na expressão do medo ou da esperança, paixões que impelem aos homens serem credores de certo esquema de poder. A imaginação dá a forma da expectativa, que projeta passado e presente ao futuro, como uma profecia autorrealizável, garantido a estabilidade do poder e da riqueza.