Abstract
Parto de uma conceitualização geral de como o problema do mal fora abordado ao longo da tradição filosófica e religiosa, enquanto problema ontológico e relativo, no mais das vezes, a uma teodiceia que busca explicar a existência do mal no mundo. Em seguida, abordo uma nova forma de se pensar o problema do mal através do pensamento idealista de Immanuel Kant, que movimentou a problemática em uma direção outra àquela anterior, ou seja, afirmando que o mal não era um problema localizado na realidade, mas no sujeito enquanto ser dotado de moralidade, residindo na dimensão mais radical da natureza humana. Em Arendt, o mal deixa o plano do sujeito singular e passa a ser compreendido enquanto um fenômeno político. Para a autora, o mal não deve ser um fenômeno político, todavia com a ascensão dos movimentos totalitários e outros fenômenos de ruptura com o fio da tradição, esse problema passa a ocupar a dimensão da vida pública. Desta forma, o objetivo da autora é tentar compreender as condições para se pensar o mal enquanto fenômeno político, assim como aquilo que lhe fundamenta e garante legitimidade. O fio condutor deste artigo são as obras Origens do Totalitarismo (ARENDT, 2018) e o conjunto de ensaios publicados no período de 1930-54 (ARENDT, 2008). O produto da presente análise refere-se à experiência humana da solidão enquanto fundamento do mal na esfera política.