Abstract
O presente artigo tem como objetivo mostrar quais são os conceitos retóricos presentes em dois ensaios de Hannah Arendt, Filosofia e Política e Verdade e Política, a fim de explicitar a conturbada relação entre verdade filosófica e política, e como essa querela está relacionada ao modo de vida do filósofo. A retórica e a persuasão não eram em si um problema para o pensamento político de Hannah Arendt, porquanto uma vez que a retórica estivesse condicionada à amizade, ela se tornaria um instrumento político e pedagógico importantíssimo para a manutenção da vida política. Por outro lado, o uso da retórica sem esse condicionamento deixava em evidência a fragilidade de tipos diferentes de verdade diante da opinião, entre elas a verdade filosófica, que embora não seja tão frágil quanto a verdade de fato, depende da preservação do espaço público e do livre uso do discurso. Por fim, demonstrar-se-á a solução desse conflito por meio da possibilidade de uma nova Filosofia Política, que tem como fio condutor o pensamento e a linguagem.