Abstract
O niilismo é um tema importante em Genealogia da moral (1887) e está estreitamente associado a seus conceitos principais. No entanto, no parágrafo 12 da II Dissertação dessa obra, e somente nele, aparece o termo “niilismo administrativo” (administrativen Nihilismus) sem nenhuma explicação de seu sentido, a não ser que se trata de uma censura que Thomas Huxley fez a Herbert Spencer. Nesse parágrafo, Nietzsche apresenta o principal pressuposto de seu procedimento genealógico: a função de uma estrutura, seja ela um organismo vivo ou uma instituição cultural, que ocorre em um determinado momento, não nos diz nada sobre a origem dessa mesma estrutura. Esse pressuposto, somado à noção de vontade de potência, antagoniza-se à concepção spenceriana de adaptação. Nesse contexto, o objetivo deste artigo, por meio principalmente da análise do ensaio Administrative Nihilism (1871) de Huxley, é esclarecer o papel que a rápida menção ao niilismo administrativo exerce no parágrafo citado de Genealogia da moral, especificamente na crítica nietzschiana contra Spencer.