Cognitio 20 (1):48-61 (
2019)
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Abstract
Eu inicio por introduzir algumas citações que Peirce faz sobre Espinosa. Poucos, mas importantes comentários, sugerem que uma nova consideração da “essência” filosófica pode emergir dessa análise. Conforme lemos na Ética de Espinosa, essência não deve ser considerado como forma pura; tampouco é uma qualificação definida com designações rígidas. Significado é potência: em termos pragmáticos, como buscarei demonstrar, o poder de estar pronto para agir, expandindo a própria disposição para responder, encarnando dado hábito de modo eficaz. Assim, não procede que o significado é, de modo acabado e de uma vez por todas. Antes, este se faz na medida em que é capaz de produzir novos efeitos. Como disse Espinosa, é uma potentia agendium conatusinexaurível que sempre produz uma prontidão para perseverar na ação. Conceitos são mensuráveis à luz de seus resultados: expandem seus efeitos como uma floresta, ou onda, sem uma fronteira ou limite claros. Nossa concepção desses efeitos é o todo de nossa concepção do objeto, diz a máxima pragmática. Significado implica um vasto oceano de consequências inesperadas, Peirce escreve. Em termos espinosistas: ninguém sabe até onde chega o poder da mente – ou do corpo. Lançarei mão de algumas sugestões de Giorgio Agamben e Gilles Deleuze a este respeito, construindo sobre eles para abordar a ética de Espinosa em termos pragmáticos e o pragmatismo numa forma espinosista.