Abstract

O presente artigo procede a uma leitura crítica das posições de Kant e Hegel no âmbito moral. apresentando-as não de um modo erudito e "arqueológico", mas sim como possível medicina mentis para uma época hedonista e anómica como a actual. A ênfase é colocada na denúncia do egoísmo e do narcisismo, em quanto destruidores e, em última instância, tendências suicidas, ao mesmo tempo que se realça como virtude suprema a abnegação, o sacrifício..., não no nome de uma entidade abstracta (Deus, a Pátria, a Justiça, a Revolução, e menos ainda a Lei moral ou o Espírito Absolute), mas sim por mor dos indivíduos concretos, sendo a compaixão a manifestação mais elevada da dignidade humana, e o respeito à Lei a forma universal de expressar essa solidariedade entre os homens livres (adjectivo este que é redundante, pois só se é homem quando a pessoa se quer livre). /// The present article undertakes a critical reading of the positions defended by Kant and Hegel in the moral realm, presenting them not in a learned and "archeological" way, but rather as a possible medicina mentis for an epoch as ours which is profoundly hedonist and anomic. The emphasis is placed in the denunciation of egoism and narcissism due to their destructive character and, in the end, suicidal tendencies, while at the same time underlining as supreme virtues abnegation and sacrifice, and this not in the name of an abstract entity (God, Fatherland, Justice, Revolution, and less still the moral Law or the Absolute Spirit), but because of the concrete individuals, being it the case that compassion is the most elevated manifestation of human dignity and the respect of Law the universal form of expressing such solidarity among free human beings (it is assumed that the qualification "human" applies only to one who wills himself/herself as free).