Abstract
Os autores jesuítas do Curso Conimbricense têm sido por vezes acusados de não terem ido além de uma monolítica e rígida repetição das teses filosóficas aristotélicas, característica pretensamente distintiva da Companhia de Jesus nos séculos XVI e XVII, cujos membros demonstrariam uma total incapacidade de dialogar com as correntes inovadoras, por exemplo, no campo da filosofia da natureza. O presente estudo, baseado numa análise do Comentário Conimbricense De Caelo, mostra conclusivamente que aquele ponto de vista resulta tanto de uma leitura superficial e simplista do Curso, como de uma sobre simplificação da situação intelectual da Companhia de Jesus, na realidade muito mais aberta e pluralista do que tradicionalmente é admitido. /// Les auteurs Jésuites du Cours Conimbricense ont été parfois accusés de ne pas aller audelà des thèses philosophiques aristotéliciennes, caractéristique que l'ont dit spécifique de la Compagnie de Jésus aux 16e. et 17e. siècles, dont les membres démontreraient une totale incapacité de dialoguer avec les courants innovateurs, par exemple dans le domaine de la philosophie de la nature. L'étude présente, basée sur une analyse du Commentaire "Conimbricensis" De Coelo, montre avec succès que ce point de vue résulte aussi bien d'une lecture superficielle et simpliste du Cours que d'une excessive simplification de la situation intellectuelle de la Compagnie de Jésus, en réalité beaucoup plus ouverte et pluraliste qu'on ne l'admet tradilionellement. /// The Jesuit authors of the Commentarii Collegii Conimbricensis have sometimes been accused of having just monolithicly and rigidly repeated the Aristotelian philosophical theses. This, it is argued, is a specific characteristic of the Society of Jesus during the XVIth and XVIIth centuries. Furthermore, so the accusation continues, the Jesuits were unable to dialogue with the new trends, for instance, in the area of the philosophy of nature. Based on the Jesuit Commentary on the De Coelo, this paper conclusively shows that such views are due both to a rather superficial reading of the Commentarii, and to an over simplification of the intelectual situation of the Society of Jesus, whose members were in fact much more open and pluralistic than it is traditionally believed.