Abstract
Objectivo deste artigo é, antes de mais, propor uma introdução à leitura das Notes de Cours du Collège de France (1956-1960) dedicadas por Maurice Merleau-Ponty ao conceito de Natureza. O artigo parte da constatação de que na meditação merleau-pontyana a Natureza assume o lugar de uma importante ramificação do questionamento ontológico. Mostra-se, dessa forma, por que razão devemos ver na Natureza uma folha de Ser ou o próprio Sensível, já visível no animal e inscrito no corpo como espaço-tempo vivido, eco esteseológico, pensamento selvagem ou experiência de uma universalidade que, para aquém de qualquer esforço noético, se desvela nas dobras de uma continuidade ontológica sem quebras. /// Aim of this paper is to shed light on some of the central themes that Merleau-Ponty pursued throughout his Notes de Cours du Collàge de France, 1956-1960, thus presenting what might be considered the main features of Merleau-Ponty's meditation on the concept of Nature. The paper starts by underlining how much Nature is part of the ontological quest of Merleau-Ponty's late philosophy. According to Merleau-Ponty, nature needs to be seen as a leaf of Being or the Sensible itself present in any living being and in its environment, but also as inscribed in the body of the painter, beyond any noetic effort, as lived space-time, estheseological echo, savage thinking or an experience of the universal sensed as an ontological continuity without losses.