A ideia de que o pensamento crítico deva estar no centro de qualquer atividade educacional tem sido proposta por filósofos da educação há muito tempo. Pensar criticamente, ou seja, avaliar ideias e argumentos de acordo com as razões e evidências apresentadas em suporte a eles, e ter o hábito de fazê-lo constantemente, isto é, possuir o espírito crítico, são consideradas características importantes para os indivíduos e para o bom funcionamento de uma sociedade democrática. No entanto, o pensamento crítico não parece (...) ser uma instância cognitiva recorrente nos seres humanos, e por isso é necessário que ele seja fomentado e fortalecido através da educação, nas escolas e universidades. Os estabelecimentos de ensino, por sua vez, devem dedicar-se à implementação de uma cultura do pensamento que forneça estímulo constante ao desenvolvimento intelectual dos estudantes, para que assim eles sejam desafiados a estruturar argumentos adequadamente embasados para justificar as suas ideias, e tenham as habilidades e disposição necessárias para avaliar as afirmações a que forem apresentados, bem como as suas próprias crenças e ideias mais arraigadas. Uma cultura de pensamento nas escolas é possível através da inclusão de estratégias de ensino adequadas, que com o constante uso se constituam em rotinas de pensamento. Em uma época de grande fluxo de informação, em que asserções falsas são apresentadas frequentemente como verdades, o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico e do espírito crítico nos estudantes pode fornecer a eles uma espécie de mecanismo de defesa contra a manipulação intelectual, além de proporcionar uma ferramenta importante para que os alunos entendam melhor o mundo e avaliem suas ideias e ações de modo mais razoável. Palavras-chave: Pensamento crítico. Cultura do pensamento na escola. Espírito crítico. (shrink)

In spite of the widespread recognition of critical thinking as an elementary aim of education, and an important tool for people to evaluate information and make reasonable decisions in their daily lives, to think critically is a difficult task. We are consciously and unconsciously biased, and our basic beliefs strongly influence the way we assess evidence, so our cognitive default condition seems to move us away from critical thinking. However, it is possible appropriately to exercise critical thinking to evaluate subjects (...) to which we are emotionally attached, and the experience of the illusionist Harry Houdini investigating Spiritualism is a striking example of it. My objective here is to discuss how Houdini incorporated core elements of critical thinking, such as the ability to evaluate reasons, and the disposition to calibrate his beliefs accordingly, in his assessment of the claim that Spiritualist mediums could contact the spirits of dead people, as described in his book A Magician among the Spirits.Export citation. (shrink)

Em 1912, um conjunto de fragmentos de crânio, mandíbula e dentes foi apresentado na Inglaterra como pertencente a um ancestral do Homo sapiens. A nova espécie, batizada de Eoanthropus dawsoni – o “Homem de Piltdown” –, foi tratada como uma das descobertas mais extraordinárias da antropologia até então: finalmente, um hominídeo havia sido encontrado em solo inglês, e seu status era ainda maior por ser uma espécie da qual a nossa teria supostamente se originado. Quatro décadas depois, no entanto, a (...) fraude foi exposta: os vestígios do Homem de Piltdown haviam sido montados a partir de um crânio humano com mandíbula e dentes de orangotangos. As razões para a aceitação imediata da espécie entre os ingleses foram, provavelmente, as expectativas e os desejos de cientistas em ter o seu país como o berço da humanidade, e também o fato de que o espécime de Piltdown corroborava ideias aceitas na época a respeito da evolução humana. Apesar disso, como, então, sabemos hoje que o Homem de Piltdown é uma fraude? Argumentamos que a resposta a essa questão está no conceito de ceticismo organizado. O ceticismo organizado é um dos componentes do ethos científico propostos pelo sociólogo Robert Merton, um elemento institucional que envolve procedimentos de avaliação e revisão da prática e das ideias científicas feitas a partir de uma comunidade de investigação. No presente artigo, examinamos como o trabalho de uma comunidade de investigação foi fundamental para o desnudamento da farsa do Homem de Piltdown e, em um segundo momento, discutimos o que o ceticismo organizado pode nos ensinar a respeito da natureza da ciência e de nossos próprios processos de raciocínio cotidianos. Palavras-chave: Ceticismo organizado. Natureza da Ciência. Fraude científica. (shrink)

Critical thinking is widely regarded as one of the main objectives of education in general terms, and also of science education. The idea of thinking critically, that is, to evaluate adequately and eventually embrace a certain claim only if there are good reasons for it, however, seems to contradict some popular conceptions about other educational ideal: open-mindedness. The purpose of this essay is to discuss how critical thinking and open-mindedness are not exclusionary ideals, and how those ideas are important for (...) science education. (shrink)

Brazil has one of the highest levels of economic disparity in the world. The educational system plays a large role in this reality, acting as a mechanism of social exclusion. Neoliberalism has resulted in the commodification of education, empowering private schools while undermining the public system. This has created a vicious cycle, whereby educational inequality reflects and reinforces social inequality. Such a system violates the rights of children not lucky enough to be born into wealth – the right to equal (...) education; to equal opportunity; and equal treatment. From within this context, we propose a model, dubbed The Eagle’s Flight, for psychological intervention in public schools. This will form an extension of our research group’s Psychosocial Assessment and Intervention – Prevention, Community and Liberation, which has been an on-going project for the past fourteen years. The intervention model advocates monitoring child development from a critical, social and historical perspective, focusing on how school and community affect everyday life. The analysis will be carried out via the daily immersion of psychologists in the public school setting, who pay attention to key aspects which include various expressions of violence, financial difficulties related to unemployment, informal employment or drug dealing, poor access to health services, and the developmental impact of factors such as poverty. Based on Paulo Freire's Emancipatory Education Proposal and Ignacio Martín-Baró’s Liberation Psychology, intervention in school and community must be an interdisciplinary procedure, employing professionals from a range of disciplines involved in the study of child development. The various subjects’ perspectives seek to provide support for everyday problems and solutions, whilst breaking down the hegemonic model of psychological practice that considers the child and family as responsible for their problems. A concrete example of this critical psychosocial intervention model is presented. (shrink)

1. La Grecia prima di Socrate.--2. Socrate e Platone.--3. Dopo Platone.--4. Primo millennio.--5. Dopo il Mille.--6. Rinascimento.--7. Seicento.--8. Settecento.--9. Kant.

En este trabajo presentamos la traducción del latín al español, con introducción y breves notas, del octavo de los denominados Carmina Profana o Romulea escritos por el poeta cristiano Blosio Emilio Draconcio durante el siglo V y transmitido por la tradición textual bajo el título De Raptu Helenae. In this paper, we offer the translation from latin to spanish, with introduction and short notes, of the eighth of the so-called Carmina Profana or Romulea, written by the poet Blossius Aemilius Dracontius (...) during the 5th Century and transmitted by textual tradition under the title De Raptu Helenae. (shrink)

M. Guzzo tend à substituer une philosophie de la validité des actes humains à cette mythologie des valeurs, dans laquelle on commence par distinguer plusieurs validités différentes, — esthétique, morale, logique, etc. — isola- bles les unes des autres, et où l’on aboutit à hypostasier chacune de ces validités en une Valeur immuable et éternelle. Le royaume métempirique, qui serait constitué par ces Valeurs, donnerait lui-même un sens à ¡’univers, et rendrait inutile, dans l’économie totale du monde, le pénible (...) effort de l’homme pour produire des actes qui aient validité. (shrink)

Na primeira parte do artigo, apresento a infame teoria humeana da identidade pessoal. Infame porque seu próprio autor a rejeitou no Apêndice à sua obra máxima, o Tratado da Natureza Humana. Na segunda parte, apresento o Apêndice. A pergunta fundamental é: por que Hume rejeitou sua teoria inicial? Os comentadores dividem-se entre aqueles que vêem um problema menor, técnico, na explicação da crença na identidade pessoal e aqueles que vêem um problema maior, filosófico, que afetaria não só a seção “Da (...) identidade pessoal” como todo o projeto empirista desenvolvido no Tratato da Natureza Humana. Na terceira parte, exponho alguns dos problemas que podem ter levado à insatisfação apresentada pelo Apêndice. Na quarta parte do artigo, exponho a interpretação ontológica, que vê no Apêndice a emergência de um problema filosófico, e tento mostrar sua implausibilidade. (shrink)