Abstract
Há um diálogo entre os estudos antropológicos e literários não só porque a literatura está dentro do âmbito da antropologia cultural, mas também porque a literatura de um povo reflete substancialmente os aspectos da sua cultura e sua visão de mundo. Este trabalho investiga as representações de classe, raça e relações raciais em “O Romance d'A Pedra e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, um romance do autor brasileiro contemporâneo, Ariano Suassuna (1927). Em primeiro lugar, pretende-se demonstrar como a representação de Suassuna da cultura popular reflete classe, raça e relações raciais sociais em uma área particular do Brasil, o Nordeste, tradicionalmente rural. Posteriormente, investigar como a comunicação de massa, especialmente os veículos culturais de televisão e cinema, utiliza a literatura para tentar mudar ou espalhar e perpetuar atitudes racistas e formas de pensamento. Mesmo que estudos modernos tenham mostrado que o conceito de "raça" é uma construção cultural e uma falácia, a literatura e a cultura de massa exploram identidades deliberadas com base em estereótipos recebidos. Os debates linguísticos e culturais de uma cultura e país racialmente híbrido, como o Brasil, não podem deixar de considerar os conceitos de "raça" e "grupos étnicos", pois o Brasil é um país que herdou as tipologias de classe, cor e preconceito patriarcal e agrário baseadas em colonialismo português (Ribeiro, 1995). Esses debates se refletem na cultura popular de maneiras particulares; são capturados em formas eruditas de cultura, como literatura, e são então apropriados pela mídia e televisão. As obras de Suassuna podem ser vistas como um recurso valioso deste debate, apontando para questões de assimilação ou segregação de raça e / ou poder de classe, e influência, boa ou ruim, tolerância e preconceito. Observa-se o impacto de seu trabalho não só através da literatura, mas também através dos meios de comunicação.