Abstract
Resumo: Este artigo visa a esclarecer o uso concreto que Nietzsche faz do vocabulário biológico em sua obra. Em vez de conceber a biologia como a soma indiferenciada das ciências da vida, o que é um anacronismo em vista da situação fragmentada dessas ciências na segunda metade do século XIX, levo em consideração o trabalho de Lynn Nyhart sobre a ascensão da perspectiva biológica na Alemanha, para evidenciar o sentido mais estreito no qual Nietzsche fala de “biologia”. A primeira parte do artigo identifica os interlocutores que Nietzsche caracteriza explicitamente como “biólogos”. Depois, tento determinar o tipo de biologia evolucionária que está em jogo, para poder, num último momento, explorar as ramificações epistemológicas e estéticas do discurso biológico nietzschiano.: This paper aims at clarifying the concrete use Nietzsche makes of the biological vocabulary in his work. Instead of conceiving biology as the undifferentiated sum of the life sciences, which is an anachronism in view of the fragmented situation of these sciences in the second half of the 19th century, I take into consideration Lynn Nyhart’s work on the rise of the biological perspective in Germany, to highlight the narrower sense in which Nietzsche speaks of “biology”. The first part of the paper identifies the interlocutors Nietzsche explicitly characterizes as “biologists”. I then try to ascertain the type of evolutionary biology that is at stake, to be able, in a last moment, to explore the epistemological and aesthetic ramifications of the Nietzschean biological discourse.