Abstract

Este artigo tem por tema a relação entre a Filosofia da História e a problemática epistemólogica da complexidade. A teoria do conhecimento histórico ou epistemologia da História nao pode ser vista de modo linear ou unívoco porque tem sofrido mutações nos seus quadros conceptuais compáraveis às revoluções cientificas concebidas pelo filosofo e historiador das ciências Thomas Kuhn, destacando-se quatro paradigmas (continuando a usar a terminologia deste autor) do conhecimento histórico: o paradigma "omnicompreensivo", que visa compreender o sentido global da História e tem como representante máximo Hegel, retomado no contexto actual por Francis Fukuyama com a sua tese sobre o tlm da Historia: o paradigma positivista guiado por uma ideia de objectividade do conhecimento histórico hoje considerada redutora: o relativismo emergente com o "fim das grandes narrativas de legitimação do saber" e a fragmentação do sentido no pensamento pós-modemo; e a "História aberta" ao misterio do tempo, problematizadora, que constrói o seu objecto na complexidade da relação interdisciplinar com outros saberes, limitada aos instrumentos conceptuais ou técnicos do historiador e excedendo qualquer sistema conceptual fechado mas mantendo uma inquietacao metodologica orientada pela busca interminável de sentido. É este último paradigma -epistemológico, hermenêutico e histórico - que é defendido neste estudo. /// This essay deals with the relation between the philosophy of history and the epistemological problem of complexity. The theory of historical Knowlege or epistemology of history can't be seen in a linear one dimensional way because it has suffered mutations on its conceptual pictures, like the scientific revolutions conceived by the philosopher and historian of sciences. Thomas Kuhn. The main paradigms (to use Kuhnian words) of historical Knowledge are four: the paradigm of global understanding of historical meaning, mainly represented by Hegel and his follower. Francis Fukuyama. with his thesis about the end of History: the positivist paradigm ruled by the orientation towards complete objectivity of historical Knowledge, which is today considered as being surpassed: the relativism which rose after the end of the great narrations that legitimized understanding and the fragmentation of meaning in post-modern thinking: and the History opened to the mystery of time, which builds its object in the complexity of the interdisciplinary relations with other fields of Knowledge related to the conceptual or technical tools of the historian but keeping methodological stress ruled by the endless search for meaning. It's this last paradigm-epistemological. hermeneutical and historical – that is sustained in this essay.