O sujeito da filosofia é produto ou produtor da história? Reflexões entre Kant e Foucault

Revista Dialectus 11 (1) (2017)
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Abstract

O objetivo deste artigo é refletir sobre a ambivalência atividade/passividade, intrínseca ao sujeito histórico, que marca flagrantemente o pensamento ético e político do último Foucault. Isto, a partir de uma reanálise dos próprios textos do “Kant prático” que foram neste sentido evocados e analisados pelo autor à ocasião do ministério de seu curso de 1983 no Collège de France. Foucault se autodiagnostica como historicamente proveniente de uma certa tradição kantiana comprometida com uma “ontologia do presente”. Porém, quando reflete em termos históricos sobre a mesma, depara-se com uma ambivalência fundamental: esta tradição, a um só tempo, seria a expressão de um processo histórico já em curso, que produziria, determinaria, tornaria possível, estes sujeitos e este presente em que se está; mas seria, ao mesmo tempo, um exercício ativo daqueles que promovem este processo, daqueles que teriam o dever de militar no uso de sua livre expressão rumo ao aprofundamento deste processo que já vem acontecendo. No limite, os filósofos, seriam, concomitantemente, passivos e ativos, produzidos e produtores, elementos e atores de um mesmo processo. Este foi o problema do qual partimos. Nossa metodologia consistiu na análise hermenêutica da bibliografia utilizada. Como resultado, descobrimos que opúsculo de Kant sobre o qual trabalhamos conduz a uma aporia, na medida em que o momento onde é possível passar a “pensar sem a tutela de outrem” – ou seja, ser um sujeito ativo, visto de uma perspectiva histórica - resta perenemente imperscrutável. Nossas conclusões apontam no sentido de um impasse que permanece em aberto para o pensamento contemporâneo; impasse que diz respeito à impossibilidade de se compreender, no limite, o exato sentido de processo histórico. Pois o que, para Kant, sempre esteve decidido como um movimento ativo e para frente, encabeçado e promovido, para Foucault – que acaba antes se descobrindo como produzido por uma historicidade ao praticar sua atividade - permanece oscilando entre passividade e atividade.

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