Quase sagrado

São Paulo, SP, Brasil: PZP - Politikón Zôon Publicações (2019)
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Abstract

"O pensamento, dócil à voz do ser, procura encontrar-lhe a palavra através da qual a verdade do ser chegue à linguagem. Apenas quando a linguagem do homem historial emana da palavra, está ela inserida no destino que lhe foi traçado. Atingido, porém, este equilíbrio em seu destino, então lhe acena a garantia da voz silenciosa de ocultas fontes. O pensamento do ser protege a palavra e cumpre nesta solicitude seu destino. Este é o cuidado pelo uso da linguagem. O dizer do pensamento vem do silêncio longamente guardado e da cuidadosa clarificação do âmbito nele aberto. De igual origem é o nomear do poeta. Mas, pelo fato de o igual somente ser igual enquanto é distinto, e o poetar e o pensar terem a mais pura igualdade no cuidado da palavra, estão ambos, ao mesmo tempo, maximamente separados em sua essência. O pensador diz o ser. O poeta nomeia o sagrado.” (Martin Heidegger). Deixando “transparecer” um mistério do Ser, a poesia fenomenológica e neo-simbolista de Quase Sagrado converge para uma mediação entre existência e transcendência através de um conteúdo que desnuda o diálogo entre a finitude e a infinitude que se impõe à experiência do homem como um ser em devir, remetendo à dimensão metafísica da realidade vivida e à linguagem como possibilidade de revelação do Absoluto em uma relação que atribui ao poético a condição originária, qual seja, um lugar de escuta e de resposta que mais do que a representação das coisas, se lhes confere ser e presença. Propondo uma viagem interior ao Ser através de uma abordagem meditativa que possibilita a emergência do essencial em sua condição oculta, Quase Sagrado desvela a riqueza do mistério inesgotável que envolve a Sua manifestação que, escapando ao exercício de fundamentação atrelado ao pensamento, mantém-se sob o abrigo da linguagem que, longe de consistir em um mero instrumento de comunicação ou exteriorização, encerra o pertencimento do homem em sua individualidade concreta e subjetividade empírica às fronteiras da linguagem e implica que a relação do sujeito com a linguagem acena com a sua própria relação com o Ser. Dessa forma, convergindo para o mítico abismo da origem, Quase Sagrado escapa à concepção humanista que atribui ao homem o poder de autoconstituição do eu transcendental e a capacidade de autossuficiência, na medida em que pretende conservar a precariedade da condição que caracteriza a relação do sujeito com o Ser através do simbólico e da linguagem da metáfora que, dialogando com o horizonte pobre e fragmentário do claro-escuro, encerra a possibilidade de revelação que o atalho lógico-racional nega, tendo em vista guardar o sentido que somente emerge na errância e no jogo sem cálculo e destituído de objetivo de um pensamento que não impõe à verdade uma noção baseada na certeza das representações do sujeito em sua ilusória soberania mas vislumbra na sua constituição a ocultação e a dissimulação em um movimento que implica o desvelamento do Ser e o retorno ao seu fundamento.

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Luiz Carlos Mariano da Rosa
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