Abstract
Neste artigo, partindo de uma análise dos conceitos de corpo e potência presentes nas filosofias de Nietzsche e Espinosa, objetivamos mostrar que ambos os filósofos, além de fazerem uma crítica aos valores transcendentes, afirmam a necessidade de criação de novos valores e mostram que para que uma ética afirmativa da vida seja possível há, antes de tudo, a necessidade do aumento de potência da totalidade corpo/ mente, obtido através de uma terapêutica fundada na dinâmica afetiva. Considerando que tanto Nietzsche quanto Espinosa recorrem ao mesmo afeto, o da alegria, para a cura da impotência e apresentam uma terapêutica de caráter estritamente pessoal, recusando a criação de uma ética normativa, concluímos que uma terapêutica que objetiva realmente promover saúde deve ser um processo essencialmente afetivo, pautado em escolhas e ações salutares próprias, e não uma moralização dos atos da vida cotidiana, operada pelos manuais de psicologia do comportamento e de higiene coletiva.