Abstract
Através de temas de atualidade que circularam em jornais e relatórios de organizações não-governamentais, este ensaio procura interrogar a epidemia de SARS-CoV-2 tendo como eixo norteador o que Artaud denomina, em seu texto O teatro e a peste, como desvios morais e fracassos da psicologia em situações de flagelo. Que sentimentos uma situação de flagelo desperta no ser humano? E como esses sentimentos contagiam as narrativas que tentam se apropriar e interpretar o caos? Trata-se de pensar o momento atual sem se lançar em tentações de predição; um exercício de pensar a urgência despida de seu inerente apelo ao messianismo, buscando permanecer no patamar do flagelo. Temas como engenharia social, o caráter religioso assumido pelo discurso científico e a noção de desmedida servem-nos de elementos transversais de análise.