Abstract
Este artigo examina quais teorias da causalidade explicam a ocorrência de sentimentos em animais e homens, segundo Descartes. Esse exame é feito à luz do debate entre as teorias ocasionalista e interacionista, bem como da posição de Descartes nesse debate. Nesse contexto, são discutidas algumas objeções a essas teorias, buscando determinar em quais pontos Descartes poderia ser considerado um adepto de uma ou da outra. A hipótese defendida é a de que ele adota certos aspectos da teoria interacionista para explicar a causalidade entre corpos, que caracteriza a ocorrência de sentimentos em animais. Por outro lado, ressalta-se o uso de duas linguagens em sua explicação da causalidade entre corpos humanos e mentes, que caracteriza os sentimentos humanos. Esse uso é explicado pelo fato de que, no caso desses sentimentos, ele adota uma posição que concilia ocasionalismo e interacionismo.