Abstract
A comunicação busca encontrar o que seria o salão literário de Dona Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna. Nesta revisitação, constatamos a emergência de uma sociabilidade heterossexual onde a conversação se eleva a arte.Elegemos o Palácio Fronteira como o salão em português. Propomos que o emblemático Palácio Fronteira, em São Domingos de Benfica, subsuma todos os outros salões que sabemos terem existido – sem esquecermos nunca da iniciática função dos outeiros de Chelas.Conhecemos Alcipe romanticamente “épica” cuja vida mergulhada na caótica época de transição histórica é evocada pelos mais diversos testemunhos da elite que a frequenta. Contactamo-la sobretudo no discurso directo em que a sua palavra poética fala. No salão de Benfica também se assiste ao declínio do discurso normativo-eclesiástico e se constata a emergência da afirmação da mulher enquanto ser de beleza, pensamento, vontade e poder. Alcipe não se afirma apenas enquanto uma culta aglutinadora de gente de espírito da sua geração, mas como alguém que, além de ter sabido impor a opinião poética vanguardista do seu tempo, possui igualmente ideias políticas próprias e, pese embora os mal-entendidos do seu tempo, pretende partilhar da solução dos problemas.