Abstract

It is a commonplace that Rousseau, with his theory of the natural goodness of human beings, rejected the doctrine of original sin. As is often the case with commonplaces, the truth contained therein stands in need of investigation. This paper will seek to show that Rousseau's dissatisfaction with the dogma stemmed more from its lack of explanatory power, than from any supposed contradiction with the theory of natural goodness. Further, this rejection is part of a larger rejection of the supernatural telos of human beings. Finally, the alternative that Rousseau proposes for the sin of Adam is a "fatal accident." Rousseau attempts to tell the story of this accident in such a way that the narrative itself will change the course of events that have followed upon the accident. /// Hoje é um lugar comum afirmar que Rousseau, graças à sua teoria acerca da bondade natural dos seres humanos, rejeitou a doutrina do pecado original. A verdade contida em lugares-comuns, contudo, necessita de ser investigada. Objectivo do presente artigo é mostrar até que ponto a insatisfaçāo de Rousseau com o dogma acerca do pecado original provinha mais da suafalta de poder explicativo do que de uma suposta contradição com a teoria da bondade natural dos seres humanos. Além disso, mostra também até que ponto essa rejeição em Rousseau fazparte de uma rejeigdo muito mais ampla na medida em que alargada à afirmação de todo e qualquer telos sobrenatural para os seres humanos. Mostra-se ainda, finalmente, até que ponto a alternativa proposta por Rousseau transforma o pecado de Adão num. "acidente fatal" e como Rousseau tenta narrar a história deste acidente de tal forma que a própria narrativa se revela com a pretensão de por si mesma alterar o percurso dos acontecimentos que se seguiu a esse acidente.