Abstract
Para estudar os processos de conversão e cristianização que se verificaram em Goa entre os séculos XVI e XVIII, e os seus impactos sociais, importa entender como é que na tópica dominante no reino se explicava a alteridade, como é que esta se manifestava no quadro legal e institucional, e, simultaneamente, se transplantava para os territórios imperiais. Com este estudo pretende-se mostrar que as atitudes da coroa portuguesa em relação às populações residentes nos territórios do império se inspiraram naquelas que no reino se estava a ter em relação às comunidades de origem judaica, depois cristã-nova. Creio que a par das revisitações «clássicas», também este modelo de pensar, identificar, e gerir a alteridade no interior do reino serviu de grelha referencial das novas situações sociais, e desse paralelismo resultaram, intra e extra territorium, grupos sociais (conversos e novamente convertidos) cujas identidades liminares persistiram pelo menos durante dois séculos.