Abstract
Neste artigo, tentamos mostrar que um problema comum aos capítulos XVI e XXdas Observações filosóficas é o da aplicabilidade dos conceitos e «proposições» da geometriaà realidade física e perceptiva (visual, em particular), e que o modo pelo qual Wittgensteinaborda esse problema nessa obra difere radicalmente, a despeito de aparentes similitudes,daquele que caracteriza as teorias semânticas do a priori visual em termos deestipulações (notadamente, o de Carnap em 1922). O esclarecimento do estatuto dos enunciadossobre os objetos do espaço visual como regras de sintaxe e a abordagem do problemada aplicação de nossos conceitos geométricos à realidade perceptiva em termos decondições práticas de emprego permite a Wittgenstein dissolver, não sem alguma ambiguidadeno vocabulário empregado, as falsas aparências ontológicas suscitadas pelas teoriasque postulam a existência de um universo de discurso intermediário entre os corpos físicose os números.