Abstract
O texto compõe-se de duas partes em confronto. Na primeira, mais breve, Waldomiro, partindo de uma posição cético-analítica, levanta um conjunto de críticas e indagações à posição prático-poiética, de Crisóstomo, que, na segunda parte procura responder a cada uma delas. A primeira posição, internalista, toma como central a noção de reflexão; a segunda, externalista, tem como central a noção de prática. Para a primeira, a filosofia deve lidar apenas com problemas isolados, que atrapalhem o fluxo da vida prática. Para a segunda, também do ponto de vista da vida prática, a filosofia pode legitimamente ocupar-se da compreensão geral das coisas, orientadora, sem ser com isso dogmática nem transcendental. Na construção de seu ponto de vista, Crisóstomo parte de sua noção de intencionalidade sensível e de nosso suposto emaranhamento prático-sensível, criativo, com o mundo e as coisas. Um ponto de vista, então, que se pretende prático, não ascético, favorável à criação, que se constrói e se afirma por confronto com o empirismo, enquanto passivo, abstrato, mentalista, dogmático, e também com o linguicentrismo, enquanto idealista, relativista, “agnóstico”. Waldomiro vê com simpatia tal posição mas questiona como possivelmente demasiado ambiciosas sua abrangência, sua forma de justificação dialética, sua aparente redução de conhecimento humano a know-how, e eventuais inconsistências de um contraditório naturalismo criativo. Para Crisóstomo, por outro lado, é o ponto de vista de Waldomiro que arrisca envolver subjetivismo, artificialismo e inconsistência - na sustentação de nossas crenças.