Abstract
A comunicação pretende sinalizar que o debate entre a “filosofia sem espelhos”, de Richard Rorty e a teoria do agir comunicativo, de Jürgen Habermas, pode ser entendido como exemplo ímpar de crítica e cooperação na busca da verdade filosófica. A estratégia de apresentação se configura em dois procedimentos distintos: Em um primeiro momento proceder-se-á à demarcação sumária da presença do pensamento de Habermas em textos característicos de Rorty e vice-versa. A seguir, será empreendida uma tentativa visando mostrar que a relação entre o pensamento de Rorty e o de Habermas é dialética, isto é, ao mesmo tempo crítica e cooperativa. O objeto principal do debate entre ambos tem a ver, principalmente, com a correta interpretação da virada linguística efetuada na filosofia contemporânea: até que ponto ela implica o abandono puro e simples da teoria da modernidade e do conceito de racionalidade, de Kant, o que implicaria uma verdadeira autodemissão da filosofia? Qual deve ser o critério do novo discurso filosófico: a comensurabilidade científica ou a incomensurabilidade de um não-consenso edificante?