Abstract
Pedro Damião normalmente é descrito no interior da história da filosofia como uma espécie de inimigo da dialética, o exemplo mais acabado do anti-intelectual medieval. Boa parte de sua fama é resultado de um excerto de sua obra De divina omnipotentia em que ele parece defender que Deus poderia ferir o princípio de não-contradição. Com este trabalho, pretendemos mostrar que Damião não ataca a validade do princípio de não-contradição, assim como não chega a elaborar uma crítica geral aos princípios dialéticos, mas também não parece um entusiasta da mesma, sobretudo em questões de fé. De modo que ainda que não seja justo caracterizá-lo como um ferrenho anti-intelectual, é preciso considerar seu pouco entusiasmo em relação à aplicação da dialética em teologia.