Abstract
A lascividade dos discursos religiosos engendra uma capacidade estupefata de atrair e perverter os fiéis. Como únicos intérpretes do texto sagrado, a versão ortodoxa se apoia em um fundamentalismo que entorpece a capacidade crítica. Quem se atrever a dar outra interpretação passa a ser apontado como satânico. Uma das referências do fundamentalismo religioso está no pietismo europeu que, aos poucos, migra para os Estados Unidos. Mais recentemente, esse fundamentalismo religioso chega na América Latina. No Brasil, ele aparece sob a denominação de “igreja”, com distintas e variadas denominações. Atualmente, a noção de fundamentalismo abarca outros setores da vida social, política, cultural e econômica. No horizonte de uma economia neoliberal, “tudo”, ao menos implicitamente, se transforma em mercadoria. O triunfalismo do mercado passa a considerar a fé também um produto à la carte. O neoliberalismo é, então, a prospectiva para a concentração cada vez maior da riqueza, tornando a fé um instrumento que favorece uma minoria, cada vez mais avantajada. No caso do Brasil, a proliferação de “igrejas” consolida ainda mais as desigualdades sociais e econômicas. Palavras-chave: Religião. Sagrado. Fé. Empreendedorismo. Neoliberalismo.