Abstract
Para lidar com seus medos primitivos, o homem utilizava a imagem como mediação destas tensões. Nas pinturas rupestres das cavernas e nas práticas de magia, rituais buscavam apaziguar as decorrências de nossas fragilidades, sobretudo na dimensão da finitude do homem tensionada pela sua relação com a natureza. A tentativa de superação desta tensão deu-se, historicamente, sob a égide da razão. Todavia, na falência do plano moderno do esclarecimento pautado no desencantamento do mundo, que se daria pela elevação dos sujeitos em uma ruptura com sua condição de minoridade de sua própria existência resultou no pacto com as entranhas do pensamento mítico e por consequência com os fantasmas não superados de seu tempo. Assim, por meio de uma revisão bibliográfica, objetivou-se constituir uma análise de fenômenos como o Youtube, a selfie e o Twitter, entre outros, para que se possa demonstrar, em sua forma e conteúdo, que a compulsão por tornar a própria vida privada em um espetáculo público nas redes sociais, denota um contexto no qual existir passa pela mediação simbólica da auto emissão através de imagens, de modo a conjugar o ser à proporção do aparecer; assim, estar fora das plataformas virtuais ganha o peso ontológico de não existir, pois o cogito de nosso tempo resume-se em apareço logo existo. De tal modo, contemporaneamente, com a evolução das novas tecnologias, o ciberespaço e suas plataformas se fazem muito presentes nas interações humanas e, neste contexto, a imagem ganha forças de protagonista. Desta maneira, conclui-se que travestido pela roupagem tecnológica, o uso da imagem ainda guarda as mesmas intenções de suas expressões arcaicas: buscar a permanência do sujeito frente aos medos primitivos. Demonstra-se ainda que o pensamento crítico pode ser uma importante ferramenta no desvelamento destas tensões. Palavras-chave: Imagem. Ciberespaço. Natureza. Dialética do Esclarecimento. Espetáculo de si.