Abstract
A visão da ciência enquanto um saber puramente objetivo e, por isso, livre de suposições metafísicas, ainda persiste na contemporaneidade, seja no âmbito ordinário do senso comum, seja nos meios científicos universitários. Sob essa perspectiva, percebe-se que há certo olhar que prevalece como uma máxima: a ciência moderna suplantou a metafísica. Noutros termos, ainda hoje se acredita que, após as descobertas da Revolução Científica, com Copérnico, Galileu, Newton, entre outros, o discurso metafísico foi extinto da ciência. Embora essa visão sobre a ciência não seja unânime e, ao contrário, venha cada vez mais sendo solapada no meio acadêmico, não é incomum observar que ela ainda está presente entre os cientistas e teóricos da ciência brasileiros. Assim sendo, o objetivo desse artigo é, primeiramente, mostrar que a ciência moderna não rejeita – ao menos em princípio – às teses metafísicas, mas sim uma visão metafísica específica, a saber, a oriunda dos escritos de Aristóteles e que sustentou a visão científica anterior à concepção moderna. Além disso, o artigo mostra que, apesar da pretensa objetividade e matematização da ciência, a concepção moderna lança mão de uma visão particular de ontologia/metafísica em seu fundamento. Por fim, pretende-se concluir, por meio de uma análise comparativa da história da ciência, que não só é impensável, como também improvável se imaginar qualquer saber científico sem um alicerce ontológico, i.e., filosófico.: The vision of science as a knowledge purely objective and therefore free from metaphysical assumptions still persists in contemporary. From this perspective, it is clear that there is a certain look that reigns under a common maxim: modern science has supplanted metaphysics. In other words, today is believed that after the scientific discoveries of the Scientific Revolution Modern, with Copernicus, Galileo, Newton, among others, the metaphysical discourse of science was extinguished. Although this view of science is not unanimous and, instead, come increasingly being undermined, it is not uncommon to observe that it is still present and it is like a vision of the majority of Brazilian scientists. Therefore, the aim of this paper is, firstly, to show that modern science does not reject - at least in principle - the metaphysical thesis, but a metaphysical view specific, namely, deriving from Aristotle's writings. Furthermore, the article shows that despite the alleged objectivity and 'mathematization' of science, the modern design makes use of a particularly modern ontology/metaphysics in its foundation. Keywords: Modern Metaphysics; Modern Science; Break paradigm