Arte do consolo deste lado de cá: considerações sobre a fisiologia da estética de Nietzsche

Dissertation, Universidade Federal Do Espírito Santo (2016)
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Abstract

A tarefa que assumimos nesta dissertação foi colocar a pergunta: como as reflexões de Nietzsche sobre arte puderam, ao menos em parte, terem vindo a ser realizadas por meio de uma fisiologia da estética (cf. GM III 8; CW 7; NW, Objeções)? Antes de pretendermos esgotar o assunto, tentamos compreender a possibilidade de elaboração coerente desse problema ao longo do caminho de pensamento nietzschiano. Mas, para tanto, precisamos lidar com as variações de perspectiva próprias de uma filosofia que não se pretende sistemática e assume suas tensões; e 1886 parece-nos ser um momento chave para vermos essas nuances, em particular no que diz respeito à arte. Naquele ano, Nietzsche escreveu novos prefácios para seus cinco livros publicados até então – O Nascimento da Tragédia (1872), Humano, demasiado humano I (1878) e II (1879-1880), Aurora (1881) e A Gaia Ciência (1882) –, buscando ressaltar o caráter unitário de sua obra, ou, como ele mesmo afirma em uma carta, apresentar a “história de um desenvolvimento”. E justamente a seu livro de estreia, ele adicionou um prefácio intitulado Tentativa de Autocrítica, no qual aponta para os aspectos que o inserem no todo de sua obra, mas, ao mesmo tempo, se distancia das concepções que ali configurariam uma “metafísica de artista”. Essa tensão é tratada no Capítulo I desta dissertação a partir de um contraste entre O Nascimento da Tragédia e a posterior Autocrítica. Após esse primeiro passo, procuramos mostrar no Capítulo II como, já em Humano, Nietzsche apresenta uma reorientação de sua estética, o que em Aurora e A Gaia Ciência se consolida com o enraizamento da moral, da filosofia e das artes na fisiologia, a qual argumentamos poder ser lida como logos da physis. No Capítulo III, indicamos como o ganho do âmbito fisiológico constitui o solo sobre o qual Nietzsche pensa o problema da inferência regressiva que o leva à sua distinção dos valores artísticos entre empobrecimento e abundância (cf. GC 370), que parece orientar sua fisiologia da estética. Por fim, discutimos como o exercício autocrítico nietzschiano e a inferência regressiva convergem em O Caso Wagner na antinomia entre os músicos Wagner e Bizet e na autoencenação nietzschiana como décadent que reconheceu sua doença, seu wagnerismo, e experimentou uma nova saúde.

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Gabriel Herkenhoff Coelho Moura
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