Abstract
No Apêndice à Dialética Transcendental, é apresentado o uso positivo das ideias da razão (uso imanente, regulador, hipotético: as ideias, operando como focos imaginários, visam guiar o entendimento na integralização do conhecimento do campo da experiência possível. Contudo, a consecução mesma desta tarefa envolve uma incontornável ilusão transcendental, a qual se encontra na raiz de grande parte das dificuldades exegéticas encontradas no Apêndice dado consistir justamente em tomar os meros focos imaginários por focos reais, pretendendo-se, desse modo, serem as ideias conceitos de objetos transcendentes. Neste trabalho, procura-se apresentar uma análise do uso positivo das ideias capaz de eliminar algumas das dificuldades geralmente encontradas relativamente à validade objetiva das mesmas. Procura-se mostrar, em última análise, que as ideias representam tão-somente objetos em ideia, os quais são passíveis apenas de uma posição relativa, e não absoluta, na existência, posição esta capaz de garantir-lhes uma validade objetiva indeterminada.