Abstract
Este artigo considera o desenraizamento afetivo-religioso de Freud no seu contexto familiar e sociocultural e também visa mostrar algumas críticas que neofreudianos e cientistas fazem a Freud. Condicionado, conscientemente ou não, pelas representações (memórias) originárias, Freud não aprofundou as raízes afetivo-religiosas no chão pedregoso de sua infância. Suas primeiras experiências afetivo-religiosas (não tão positivas) foram como pedras escabrosas no chão de sua frágil existência. Com o drástico desaparecimento da babá Resi Wittek, as tenras raízes afetivo-religiosas do psiquismo de Freud praticamente perdem a inicial vitalidade, tentando compensar essa perda com sua mãe, em nível de cuidados e afetos, que não podia corresponder. Ela poderia somente oferecer-lhe um suporte em nível narcisista (jovem e bonita). Ele somente recebeu esse apoio afetivo-religioso de seu pai (Jakob) mais tarde quando já marcado negativamente em seus relacionamentos com os primeiros objetos. Assim determinado, Freud se sente desamparado, em sua infância. Ao entrar na adolescência Freud se declara ateu influenciado pelo ambiente cultural eivado do cientificismo ateu e de um radical anticlericalismo. Sem raízes afetivo-religiosas profundas, em nível experiencial, Freud não poderia ser uma árvore robusta na dimensão religioso-espiritual, apesar de tanto se preocupar com ela