Abstract
Tomando a obra Regras para a Direção do Espírito de Descartes, buscamos entender no presente artigo como a noção de disciplinaridade, desenvolvida a partir da questão de orientação do espírito na busca de conhecimentos certos, pode ser interpretada como fundante do projeto de modernidade calcado na autonomia do sujeito de disciplinar o próprio corpo. Assim, desenvolvemos a possível interpretação de sujeição política através da reflexão sobre a sujeição de todas as faculdades do espírito ao entendimento a partir do disciplinamento que ele próprio impõe à relação que aquelas faculdades guardam com o corpo. E estabelecemos que as Regras não inauguram apenas uma reforma do entendimento como agenda de pesquisa para a modernidade, mas portam diretrizes para o aprimoramento do uso das faculdades de modo geral, apresentando como ação humana exitosa o comércio entre as faculdades humanas coordenado pelo entendimento.