Abstract
O presente artigo busca refletir sobre a especificidade da crítica literária desenvolvida por Georg Lukács. A literatura sempre foi um objeto privilegiado em toda sua trajetória intelectual. No entanto, há diferenças consideráveis no modo como ele a aborda, diferenças que respondem, em larga medida, a injunções políticas e históricas. Partimos de considerações mais gerais sobre a relação de Lukács com a literatura, em que se coloca o problema a respeito do papel da história como história literária e como reconciliação entre as necessidades artísticas e aquelas do desenvolvimento histórico. Em seguida, apresentamos mais detidamente alguns aspectos da “estética comunista” de Lukács. Nesse ponto, esse artigo focará na controvérsia contra o sociologismo vulgar, que marcou o desenvolvimento do pensamento estético soviético e teve um papel fundamental na constituição da crítica literária de Lukács. Alguns traços da maneira como Lukács se coloca como historiador e crítico literário aparecem claramente na sua intervenção no debate sobre o romance, um dos episódios do enfrentamento do sociologismo vulgar, que será comentado ao final.