Abstract

Este artigo analisa o ensaio “O conceito de dialética de Lukács”, publicado por István Mészáros em 1970. Investiga, basicamente, os elementos de argumentação e de crítica realizados por Mészáros a respeito das contradições e dos pressupostos teóricos e políticos contidos na obra de seu velho mestre e amigo. Analisa, também, elementos concernentes ao método utilizado por Mészáros em seu procedimento de escrutínio crítico da teoria de Lukács, método este já desenvolvido em estudos anteriores e que será retomado em momentos posteriores de seu itinerário intelectual. Tal método consiste em, ao se tomar como objeto de investigação a obra total de determinado autor que se queria conhecer, não separar rigidamente os diferentes momentos dessa obra. Assim, constata-se que o essencial, nesse tipo de pesquisa, é considerar as elaborações teóricas – expressas em distintos momentos de uma trajetória intelectual - como um todo dinâmico, a fim de se poder captar o aí “núcleo organizador” da complexa elaboração conceitual. A ideia fundamental presente na obra global de um autor passa, de fato, por inúmeras mutações ao longo dos anos. Sua forma se altera em razão das transformações históricas e das novas respostas que o intelectual fornece aos desafios com os quais se depara. Mas ela permanece como um fio subterrâneo que interliga os vários momentos de sua produção intelectual, a ponto de lhe assegurar a unidade fundamental. O que ocorre, então, é uma mudança qualitativa que, evidentemente, se traduz numa nova forma de teorização por parte do autor em questão. Tal mudança qualitativa diz respeito à totalidade do desenvolvimento do seu pensamento, em contraposição às mudanças que ocorrem apenas em certos pontos e aspecto desse desenvolvimento. Fornecer pistas para o entendimento desse método usado por Mészáros é o que visamos com o presente artigo.