Abstract
RESUMO: Com um estilo sóbrio e minimalista, a prosa literária de J. M. Coetzee é um espaço criativo onde diferentes identidades literárias são constantemente baralhadas e uma perigosa sobreposição de alter-egos é sistematicamente ensaiada. Pensando sobre todas essas nuances, filósofos contemporâneos a trabalhar sobre a obra do escritor sul-africano têm descrito o seu trabalho como "realista-modernista'. Neste artigo, discuto uma obra específica de Coetzee - focando sobretudo a estranha técnica gráfica da tripartição da página em três vozes literárias e a respectiva relação com a ideia de "pensamento ético de substituição" -, confrontando-a com a sua obra como um todo. Num segundo momento, apresento um modelo filosófico para explicar o seu "realismo modernista" e termino traçando o impacto desse modelo filosófico sobre a própria filosofia que o apresenta. ABSTRACT: Dispassionate and sober, J. M. Coetzee's prose is a space in which literary identities are continually unsettled, methodological subtleties both revealed and explored. Given these features, philosophers have described Coetzee's style as "modernist realist". In this paper, I discuss the relevance of Coetzee's use of the split page in Diary of a Bad Year, focusing on its role in undermining "ersatz ethical thought". In the second part of the paper, I develop a model for explaining Coetzee's modernist realism. This model is situated within a broader, self-critical project that traces the significance of my analysis for the form of philosophical discourse.