Abstract

Considerado o maior filósofo do Hinduismo, Shankara apresenta-nos uma concepção da realidade estratificada em diversos niveis. Os objectos podem ser considerados mais ou menos reais e verdadeiros consoante o piano em que se coloca o sujeito. No último nivel, o do Real absoluto, já não se dá qualquer oposição sujeito-objecto. O mundo das distinções mentais, das medidas, das regras e convençõs é mãyã relativo, tal como as dimensões do espaço e tempo. Partindo do que opõe Shankara ao Budismo, procuramos neste artigo encontrar uma via de conciliação entre as duas correntes. Esta centra-se na atitude a assumir em relação ao tempo e na visão que partilham do Real não-dual. /// Considéré comme le plus grand philosophe de l'Hindouisme Shankara nous présente une conception de la réalité stratifiée en plusieurs niveaux. Les objets peuvent être vus comme plus ou moins réels et vrais conformément au point de vue auquel se place le sujet. Au dernier niveau, celui du Réel absolu, il n'y a plus d'opposition sujet-objet. Le monde des distinctions mentales, des mesures, des règies et conventions est mãyã, relatif, tout comme les dimensions de l'espace et du temps. En partant de ce qui oppose Shankara au Bouddhisme, nous cherchons dans cet article à trouver une voie de conciliation entre les deux courants. Celle-ci réside dans l'attitude à assumer quant au temps et dans leur comprehension commune du Réel non duel. /// Shankara, known as the greatest philosopher of Hinduism, proposes an idea of reality stratified in several levels. Objects may be considered more or less real and true according to the level in which the subject is. At the last level, that of the absolute Real, there is no longer an opposition subject-object. The world of mental distinctions, of measuring, of rules and conventions, of spacetime dimensions is mãyã, relative. Starting from what opposes Shankara to Buddhism, we seeek in this paper to find a way to reconcile the two trends. The analysis is centered on their attitude towards time and on the common view of the non-dual Real.