Abstract

Este artigo toma o tema do humanismo como questão central no pensamento que Francisco vem formulando em seu magistério, cujo pontificado iniciou-se em 2013, no contexto da renúncia do papa Bento XVI. John W. O’Malley diz que “ninguém esperava que o novo papa acendesse um entusiasmo quase maníaco e que o fizesse não apenas entre os católicos, mas também entre pessoas de outras tradições religiosas e, ainda mais surpreendente, em pessoas sem qualquer crença religiosa. De repente, uma longa era parecia ter acabado e uma nova parecia ter começado”. No humanismo de Francisco não se encontram separados natureza, cultura, história e mistério. Portanto, pode-se dizer que nele encontra-se uma cosmologia articulada com uma filosofia e teologia da cultura e da história cujo acabamento está no ápice de uma mística. Assim, três direções tomam este artigo enquanto perguntas investigativas. Primeira: como se apresenta o humanismo formulado por Francisco no contexto dos humanismos? Segundo: o humanismo formulado por Francisco e que se insere na Doutrina Social da Igreja é factível à construção de uma fraternidade universal? Terceiro: Quais condições teóricas e práticas podem ser encontradas na formulação de Francisco para a consecução e realização do projeto de uma fraternidade universal? Estas questões buscam e acenam na totalidade da Laudato Si’ uma proposição de uma arquitetônica de saberes, novidade ímpar na história das encíclicas desde Leão XIII no século XIX. A hipótese que atravessa esta reflexão é a de que Francisco formula um humanismo libertador, portanto, há um giro no interior da própria Doutrina Social da Igreja fazendo com que sua leitura eurocêntrica até o pontificado de Bento XVI se dê, doravante, em perspectiva desde as periferias do mundo globalizado, ou seja, desde a América Latina Caribenha, a África, a Ásia e a Oceania, subsumindo a opção preferencial e solidária pelos mais pobres.