Entre o populismo docente e o dom da fala discente: problemas do ensino básico que sobrevivem à formação superior em pedagogia

Revista Dialectus 5 (1) (2014)
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Abstract

Muitos são atraídos para o Ensino superior em função da promessa de ascensão cultural e social. Mas que garantias há de que o capital cientifico-cultural que se espera de uma formação superior seja efetivamente transmitido na universidade? Neste artigo discutimos os limites do ensino superior público brasileiro em relação ao cumprimento de tal promessa a partir de um fenômeno que Pierre Bourdieu denominou “populismo docente” e que consiste de fazer o aluno crer que a cultura que ele trás consigo, herança familiar e escolar, é já suficiente para as demandas do mercado que o espera. A pesquisa onde o fenômeno foi observado foi realizada no segundo semestre de 2012 no curso de Pedagogia de uma universidade pública federal do nordeste do Brasil. Com o interesse em compreender o que motivava a variação do índice de participação dos alunos em diferentes disciplinas, recolhemos dados através de observação participante, questionários e entrevistas. Guiadas pela teoria do capital cultural de Pierre Bourdieu, observamos, em termos de comportamentos, atitudes e disposicões, o enorme fosso produzido pela desigualdade social brasileira e por um sistema escolar que mantém separadas as classes populares das classes médias e altas durante toda a trajetória escolar. Concluímos que chegar à universidade sem as habilidades mínimas exigidas, sobretudo em termos de disciplina para os estudos, leitura e pensamento abstrato, é bastante problemático pois interfere diretamente no rendimento individual e do grupo. Porém, mais grave que isto é se deparar com uma universidade despreparada para lidar com o problema no sentido da sua superação. Assim, em vez de se esforçar para dar o que promete, uma educação de qualidade, a universidade muitas vezes apenas reforça a cultura paternalista da escola básica reproduzindo, de um lado, a negligência, e, de outro, criando um ambiente de ilusória aceitação do capital cultural trazido pelos estudantes em vez de criar os meios para oferecer a formação de que dela se espera.

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